Dados Gerais do Componente Curricular
Tipo do Componente Curricular: |
DISCIPLINA |
Unidade Responsável: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN - PPGDESIGN (11.01.01.14.04.01) |
Código: |
PPGDSGN0152 |
Nome: |
TÓPICOS ESPECIAIS EM DESIGN, UTOPIAS,TERRITÓRIOS E ECOLOGIAS URBANAS 3 |
Carga Horária Teórica: |
30 h. |
Carga Horária Prática: |
0 h. |
Carga Horária Total: |
30 h. |
Pré-Requisitos: |
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Co-Requisitos: |
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Equivalências: |
( PPGDSGN0153 )
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Excluir da Avaliação Institucional: |
Não |
Matriculável On-Line: |
Sim |
Horário Flexível da Turma: |
Não |
Horário Flexível do Docente: |
Sim |
Obrigatoriedade de Nota Final: |
Sim |
Pode Criar Turma Sem Solicitação: |
Sim |
Necessita de Orientador: |
Não |
Exige Horário: |
Sim |
Permite CH Compartilhada: |
Não |
Permite Múltiplas Aprovações: |
Sim |
Quantidade Máxima de Matrículas: |
99 |
Quantidade de Avaliações: |
1 |
Ementa: |
"Tema: O BarrocoO que é o barroco? Podemos ouvir ainda hoje, com um tom de depreciação: ""Ah, isso é muito barroco..."" Nesse sentido, barroco significa exagerado, tortuoso, patético, cansativo, sem foco. Dito de outra maneira, algo barroco é excessivo demais, não é bem realizado, é um fracasso. Esse uso vulgar tem raízes até na filosofia da arte: para o filósofo italiano Benedetto Croce, ""a arte nunca é barroca, e o barroco nunca é arte"" (1929). O barroco foi acusado de ser uma arte patológica, perversa, sintoma de uma mente doentia ou de uma civilização fraca. O barroco, nessa leitura, representa o oposto do clássico: um fracasso das formas estáveis, bem ritmadas, simétricas, que comunicam uma paz e uma serenidade ao espectador. Só a música barroca parece ter sido poupada desse diagnóstico.Mas se, justamente, essa oposição ao clássico for a essência mesma do barroco, sua vitalidade? Se o barroco for a tentativa de revitalizar as formas adormecidas do clássico? Se o barroco for uma revolta contra o conformismo na pintura, na arquitetura, na escultura e no design? O barroco não seria somente um fenômeno artístico dos séculos XVII e XVIII, que podemos admirar, por exemplo, nas igrejas de Ouro Preto, mas um estilo correspondente a uma concepção da vida totalmente oposta àquela do clássico: para retomar a fórmula de Eugenio D'Ors em Do barroco (1935), o barroco, feito de música e paixão, agitador de ""formas que voam"", se opõe ao clássico, feito de economia e de razão, moldador de ""formas que pesam"". Não seria somente um estilo histórico, como o descreveu Henrich Wölfflin em seu livro Renascimento e barroco (1888), mas também um estilo trans-histórico, como considerou o mesmo Wölfflin depois, em seu livro Princípios fundamentais da história da arte (1915). Poderia ser, também, um momento histórico dentro de um ciclo trans-histórico, isso é, uma constante do espirito humano que surge depois do classicismo para revitalizar a arte antes de cair de novo no arcaísmo. Arcaísmo-classicismo-barroco: o barroco seria um momento particular, o terceiro, no ciclo da vida eterna das formas, como escreveu Henri Focillon em sua Vida das formas (1934). O artista estaria fazendo um artefato barroco para voltar a algo de arcaico que teria sido reprimido em si e na sociedade em uma época clássica, reconhecendo uma pulsão vital por atrás das regras da vida em comum. Com isso, permite que as pulsões do inconsciente e dos sonhos, impedidas de se expressarem pelo domínio e cálculo clássicos, possam se realizar.O barroco pode, então, instaurar uma relação mais livre com a natureza e com o corpo: pode considerar a relação com a natureza não como uma dominação, mas como uma integração ou até uma fusão, ou, melhor, como um labirinto que conecta tortuosamente o espírito com a matéria, a cultura com a natureza. É o que Severo Sarduy propunha com seu livro Barroco (1974) é o que Deleuze sugere com seu livro A dobra: Leibniz e o barroco (1988). O barroco nos propõe sair do paradigma capitalista e patriarcal de dominação dos homens e da natureza para indicar uma outra sociedade, feita de hibridações e de relações, no sentido da Poética da relação (1990) de Edouard Glissant, que é também uma política. Como aponta Bolivar Echeverria em A modernidade do barroco (1998), o barroco revela uma modernidade perdida, que teria podido se desenvolver desde o século XVII na América latina, feita de hibridismos e mestiçagens. O barroco, isto é, qualquer objeto barroco, seria o sintoma dessa modernidade perdida, o sinal de um outro passado que poderíamos ter realizado e a intimação para um outro futuro." |
Referências: |
Bibliografia sumáriaBenjamin Walter, Origem do drama barroco alemão, São Paulo, Brasiliense, 1984.Bottineau Yves, El arte barroco, Madrid, Akal, 1990.Bazin Germain, Barroco e rococó, São Paulo, Martins Fontes, 1993.Croce Benedetto, Breviário de estética, São Paulo, Ática, 1997.D'Ors Eugenio, Do barroco, São Paulo, Tecnos/Martins Fontes, 2002. Deleuze Gilles, A dobra. Leibniz e o barroco, Campinas, Papirus, 2007.Echeverria Bolivar, La modernidade de lo barroco, México, Era, 1998.Echeverria Bolivar, Modernidad y blanquitud, México, Era, 2010.Focillon Henri, A vida das formas, São Paulo, Zahar, 1983.Glissant Edouard, Poétique de la relation, Paris, Gallimard, 1990.Machado Lourival Gomes, Barroco mineiro, São Paulo, Perspectiva, 2003.Sarduy Severo, Barroco, Lisboa, Vega, 1989.Tapié Victor-Lucien, Barroco e classicismo, Lisboa, Presença, 1988.Tapié Victor-Lucien, O barroco, São Paulo, Cultrix, 1983.Wölfflin Henrich, Conceitos fundamentais da história da arte, São Paulo, Martin Fontes, 1989.Wölfflin Henrich, Renascença e barroco, São Paulo, Perspectiva, 2005. |
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