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Talvez não se possa caracterizar melhor as dificuldades a serem enfrentadas por quem se aventura no campo da estéticadesde, pelo menos, meados do século 20, do que a frase que abre a Teoria Estética de Theodor Adorno, o último grande filósofoa conceber uma teoria com T maiúsculo nesse campo, não à toa inacabada: “Tornou-se evidenteque nada mais é evidente notocante à arte, seja em si mesma ou em sua relação com o todo, nem mesmo seu direito de existência” (ADORNO, 1970).Sendo ainda digno de nota, que o termo selbstverständlich, traduzido acima como “evidente”, significa, ao pé-da-letra, o que épor si só (ou em si mesmo) compreensível.Nesse sentido, é possível que não haja melhor orientação para uma disciplina com esse título do que tomar como problema otermo mesmo que a denomina. De origem grega (aisthesis), mas empregado na obra inaugural de Baumgarten (1750) em suaforma latina (aesthetica) “estética” não é só uma palavra, mas toda uma tradição. E é por ela que o termo costuma ser associadonão apenas à tradução de seu significado no grego arcaico: faculdade de perceber pelos sentidos, sensação, órgão dos sentidosou um dos cinco sentidos (BAILLY, 1950), mas também à discussão da beleza e do belo, ou ainda, do conjunto de princípiosrelacionados a sua efetivação por meio da arte: regra, razão, proporção, simetria, harmonia, etc. Se consideramos, no entanto,o presente oua arte feita já nos primeiros decênios do século 20 – não da tradição, portanto, mas da história – o conjunto deevidências relacionadas à particularidade da esfera artística ou à particularidade dos objetos estéticos, para não falar nas formasde percepção de ambos, é facilmente desfeito. Não só no senso comum, mas também no campo teórico, a falta de distinçãoentre “obras de arte” e “meras coisas” (DANTO, 1981), assim como a de uma clara demarcação entre o “mundo das obras” e omundo que com elas (e através delas)compartilhamos, é tema (e palco) para inúmeras discussões e polêmicas. No interiormesmo do “mundo da arte” (Artworld), uma nítida distinção entre os campos artísticos e o próprio valor da arte e da cultura comoparte de uma tradição, “clássica” ou “ocidental”,é abertamente contestado, para não falar na problematização ou mesmoabandono dos espaços artísticos que o legitimavam. Dada essa tradição, mas também tal panorama, o curso pode se configurarsegundo diferentes recortes, a depender dos momentos a serem abordados dentro da mesma ou de sua problematização. |
| Referências: |
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