| Ementa: |
Esse curso aborda o tema das desigualdades sociais a partir da noção de classe social. Diferentes propostas de especificação desse conceito vêm sendo lançadas desde o século XX, motivadas sobretudo pelas necessidades de responder às transformações no mundo do trabalho e, também, de articular esse conceito a outras dimensões de estratificação como a discriminação no mercado de trabalho. No contexto de uma tradição com forte vocação empírica, o debate entre essas diferentes propostas ocorre simultaneamente nos planos teórico, metodológico e operacional. Se em alguns momentos esse debate se expressou como uma disputa entre abordagens concorrentes e inconciliáveis, quase que paradigmas, atualmente prevalece uma visão mais pragmática que vê as diferentes possibilidades de especificação do conceito como alternativas que não devem ser descartadas a priori, com base em argumentos estritamente teóricos, mas, antes, ter seu poder explicativo avaliado em aplicações concretas. Sob essa perspectiva, o que se considera mais provável é que as diferentes propostas tenham todas pontos fortes e pontos fracos, que cada uma delas, enquanto releva alguns aspectos da realidade, obscurece outros. A recomendação, então, é pela não filiação exclusiva a uma vertente específica no estudo das classes sociais, mas sim uma compreensão dos potenciais e das fragilidades das vertentes disponíveis.Nesse sentido, esse curso conta com um primeiro ciclo de leituras dedicado a diferentes abordagens de classe como a neomarxista, a neoweberiana, a neodurkheimiana e aquela proposta por Pierre Bourdieu. O conjunto de ensaios coligidos no livro Approaches to class analysis, organizado por Eric O. Wright, será a base para essas discussões. Já num segundo ciclo do curso, serão abordados estudos empíricos sobre desigualdade na sociedade brasileira. Nesse momento, as diferentes tradições no estudo de classes servirão como pano de fundo para a discussão dos resultados específicos ao contexto brasileiro, assim como para a compreensão de fenômenos como a interação estrutural entre classe e raça. Como se trata de uma área de estudos intensiva no uso de técnicas quantitativas, essas discussões serão também ocasião para o aprofundamento em questões metodológicas. O objetivo do curso, em seu conjunto, é oferecer uma visão ampla sobre as diferentes vertentes teóricas no estudo das classes sociais e, ao mesmo tempo, um domínio intermediário sobre a metodologia subjacente a essas vertentes, a partir de um foco em estudos empíricos. |
| Referências: |
Ribeiro, C. A. C. (2006). Class, race, and social mobility in Brazil. Dados, 49(4), 833-873. https://doi.org/10.1590/S0011-52582006000400006Rocha, E. F. (2018). Espaço social e estrutura de classes em regiões metropolitanas brasileiras.Sociedade e Estado, 33(3), 779-801. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-201833030006Rocha, E. F. (2015). O negro no mundo dos ricos: Um estudo sobre a disparidade racial de riqueza no Brasil com os dados do Censo Demográfico de 2010. Editora UnB.Salata, A. R. (2016). A new empirical approach for status hierarchy in Brazil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 31(92). https://doi.org/10.17666/319203/2016Santos, J. A. F. (2005). Efeitos de classe na desigualdade racial no Brasil. Dados-Revista de Ciências Sociais, 48(1). Retrieved from http://www.scielo.br/pdf/dados/v48n1/a03v48n1Scalon, M. C. (1998). Mapeando Estratos: Critérios para Escolha de uma Classificação. Dados, 41(2), 337- 375. https://doi.org/10.1590/S0011-52581998000200003Wright, E. O. (Ed.). (2005). Approaches to Class Analysis. Cambridge: Cambridge University Press. |
