Acervos e arquivos são importantes por reunir, preservar e tornar acessível a memória e a trajetória de uma instituição, uma organização, um grupo de indivíduos, uma pessoa, um artefato. Diante do conjunto documental, dados e informações podem ser encontrados e utilizados por aqueles interessados seja em reconstituir uma história, obliterada pelo passar do tempo, seja para compreender o presente e dele traçar futuros possíveis. Especificamente, acervos e arquivos de Urbanismo, de Cidades, de Urbanistas e similares agregam materiais para além de mapas, plantas e desenhos. Disponibilizam uma gama de elementos que perfazem desde projeções de uma sociedade modelo à adoção de teorias e paradigmas urbanísticos; revelam planos, relatórios e legislações presentes em atas, decretos, leis, normas e memorandos; agregam diferentes perfis profissionais; reúnem registros imagéticos em fotografias, pinturas, cartões postais, filmes, documentários; descrevem um determinado momento a partir de reportagens em jornais, periódicos, magazines e panfletos; personificam suas personagens em cartas, instrumentos de trabalho, documentos oficiais e particulares. Enfim, um campo exploratório que proporciona a estudiosos, pesquisadores, profissionais, gestores e curiosos ampliar o entendimento sobre ideias, intenções, processos, ações e feitos urbanizatórios.
Compreender a cidade pela história, sob o ponto de vista urbanístico, permite-nos entender sua configuração atual, criticá-la e projetar seu desenvolvimento. A pesquisa em acervos históricos, na busca por documentos, é a principal forma de construir a trama, que dependerá, ainda, da capacidade do pesquisador em criar costuras e relações, na tentativa sempre incompleta, sempre circunstancial da tessitura historiográfica.
Em 2021, o contato com o acervo da empresa urbanizadora Coimbra Bueno e Cia. Ltda., fundada pelos irmãos engenheiros Jeronymo Coimbra Bueno e Abelardo Coimbra Bueno em 1934, despertou nosso interesse em reunir saberes, práticas e experiências de acervos e arquivos similares a fim de auxiliar no agenciamento do material adquirido. Majoritariamente conhecida no campo da história do urbanismo pela construção de Goiânia, a atuação da Coimbra Bueno vai além e se mostra extremamente diversificada, indo da produção agropecuária a empreitadas industriais, da produção de habitação de interesse social à qualificação de uma “civilização sertaneja”, de planos para inúmeras cidades brasileiras à criação da Fundação Coimbra Bueno pela Nova Capital do Brasil. Assim, este acervo consiste em um verdadeiro campo a ser explorado. Mas como organizar, tratar, acondicionar e publicizar tantos documentos? Para quê e para quem servem acervos e arquivos? Quais as especificidades de um acervo ou um arquivo de Urbanismo?
Na tentativa de responder a tais questões e outras mais, o grupo de pesquisa TOPOS – Paisagem, Projeto, Planejamento da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU-UnB), em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR, decidiu promover o Seminário “Acervos e arquivos de Urbanismo: saberes, manejos e feitos”, a se realizar em formato híbrido nos dias 4 e 5 de abril de 2024, sob a coordenação dos professores doutores Carlos Henrique de Lima, Carolina Pescatori, Paola Ferrari e Ricardo Trevisan. Além das intenções acima mencionadas, este evento busca reunir pesquisadores, estudiosos, professores, estudantes e gestores em torno deste tema e seus três eixos balizadores: 1.) Saberes – Acervos e arquivos de Urbanismo para quê e para quem?; 2.) Manejos – Tipos de documentos, práticas e cuidados; e 3.) Feitos – Casos, experiências e perspectivas.
No “2º Seminário TOPOS – Acervos e arquivos de Urbanismo: saberes, manejos e feitos”, seus organizadores desejam estimular outros pesquisadores, professores, gestores e profissionais a pensar conjuntamente a importância de Acervos e Arquivos de Urbanismo, bem como debater os procedimentos e modos de operacionalização (acolhimento, triagem, armazenamento e acessibilidade) dos documentos envolvidos. Assim, convida pensadores, pesquisadores e técnicos para expor e discutir visões, práticas e experiências, elencando os desafios prementes que atravessam a constituição de tais centros documentais. Seu objetivo é orientar de modo mais sistematizado àqueles diretamente envolvidos ou interessados na organização, viabilização e manutenção, assim como contribuir para a construção de uma cultura nacional de patrimonialização e salvaguarda de documentos históricos. Neste sentido, propõe-se 3 eixos temáticos principais: Saberes, Manejos e Feitos.
Quinta-feira | 4 de abril de 2024
14h-14h30 - Mesa de abertura
14h30-16h30 - Palestra – Maria Cristina da Silva Leme (FAU-USP)
16h30-17h - café com prosa
17h-19h - Mesa temática 1: Saberes – Acervos e Arquivos de Urbanismo para quê e para quem?
Hugo Massaki Segawa (FAU-USP)
Inês Martina Lersch (UFRGS)
José Daniel Craidy Simões (CAU/RS)
Priscilla Alves Peixoto (UFRJ)
Monica Cristina Brunini Frandi Ferreira (APHRC)
19h15 - Abertura da Exposição Acervos de Urbanismo (Galeria Christina Jucá, FAU-UnB)
Sexta-feira | 5 de abril de 2024
14h00-16h00 – Mesa temática 2: Manejos – Tipos de documentos, Práticas e Cuidados
Maria Cristina Nascentes Cabral (FAU-UFRJ)
Eduardo Augusto Costa (FAU-USP); Junia Cambraia Mortimer (FAUFBA)
Paulo Jorge dos Mártires Batista (Arquivo Municipal de Lisboa)
Victor Valente Medeiros (Arquivo Central da UnB)
16h00-16h15 – café com prosa
16h15-18h15 - Mesa Temática 3 - Feitos – Casos, experiências e perspectivas
Ana Maria Fernandes (FAUFBA, Acervo do EPUCS)
Anamaria Diniz Batista (Acervo Attilio Corrêa Lima)
Antônio Willamys Fernandes da Silva (UFT, Acervo CHESF)
Carolina Pescatori; Ricardo Trevisan (FAU-UnB, Acervo Coimbra Bueno)
Vanessa Gayego Bello Figueiredo (CAU/SP)
alunos de graduação e pós graduação, professores e funcionários
público em geral, interessado em história da cidade, do urbanismo e na preservação de arquivos históricos
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