Musealização da Arte: a história da arte a partir do museu
Se partirmos da premissa que a Históia da Arte convencional se organizou de forma a construir um tempo teleológico, unívoco, coeso, sucessivo, cumulativo e axial, a partir de chaves eurocentradas, o tempo do museu, ou melhor dizendo, as diferentes camadas de temporalidade oferecidas nas mostras e nas reservas técnicas se constituíram como desafio para tal convencionalidade da historiografia da arte, especialmente em contextos não-europeus.
O presente curso buscará explicitar diferentes histórias da arte oriundas de diferentes formas de musealização. Por conseguinte, é preciso admitir que uma abordagem unívoca não é razoável. A adesão ao campo de debate entrecruzado entre a história da arte e da cultura material, a sociologia da arte, a museologia, a história da cultura, a antropologia etc., além do amparo das teorias da arte e da história da crítica, é inevitável para quem busca uma história da arte heterocrônica e plural.
Não é preciso dedicar muito esforço para explicitar a cumplicidade entre o desenvolvimento da história da arte como disciplina e a sua dependência da prática colecionista moderna e das instituições museológicas. Esse amplo campo marca direta e indiretamente uma história da arte que não subtraí de seu cálculo interpretativo os processos de institucionalização, especialmente, da própria condição artística. Sem reduzir a potência da crítica antagonista, ir contra essa ideia requer grande violência interpretativa e fronteiras disciplinares rígidas, o que é pouco provável na atualidade. Basicamente porque a pressuposição de que o sistema da arte é uma unidade homogênea e auto-organizada se comprova insustentável. Visto que apreendemos com Michel Foucault (1995) que instituições disciplinares não resultam automaticamente em organizações disciplinadas.
O jogo entre as instituições museológicas e a produção artística explicita essa ruptura, especialmente em territórios de tradicional fragilidade institucional como o brasileiro. Muitas das críticas dirigidas ao museu de arte moderno-contemporânea são justas e estão respaldadas com pesquisas sérias e debate franco. Mas outras críticas endereçadas a essas instituições correm o risco de se tornarem redutoras, superficiais e, na contramão da intenção de seus formuladores, fetichizam as instituições que buscam criticar, conferindo-lhes ainda mais poder.
De certo, se as narrativas da História da Arte forem entendidas como uma cadeia de imagens-obras assentadas em lugares abstratos, pouco poderá se dizer além dos manuais já publicados. Mas, se pelo contrário, se consideramos que há histórias das artes articuladas e construídas aos olhos do público, graças a uma coligação de obras, artistas, instituições, ações expositivas, de profissionais do sistema da arte, o curso poderá oferecer chaves importantes para compreender trânsitos estéticos e políticos que envolvem fazer, mostrar, pesquisar, narrar e arquivar no campo das artes visuais.
O curso será dividido em duas partes: a FUNDAMENTOS e o ENCONTROS:
FUNDAMENTOS buscará apresentar as premissas teóricas que fundamentam a uma história da arte museológica, na intenção de apresentar a miríade de conhecimentos que tenta organizar narrativas da produção artística de diferentes tempos, em diferentes temporalidades.
ENCONTROS contará com a participação de convidados em encontros dedicados a debater os processos, as práticas, as pesquisas, os conflitos entre a constituição de processos museológicas e a compreensão e interpretação da produção artística.
é importante notar que este programa poderá sofrer alterações no decorrer do curso, afinal tempos de instabilidade exigem flexibilidade.
é fundamental permanecermos conectados em nossas distâncias, o que exige responsabilidade, autonomia e atenção plena ao que está acontecendo no âmbito do nosso curso.
A presença será aferida pela participação nos encontros online. As normas de presença da Universidade de Brasília exigem para aprovação em disciplina um mínimo de comparecimento a 75% das aulas programadas. Alunes com mais de 25% de ausência serão automaticamente reprovados por falta no curso.
Sexta-feira, 16 às 19 horas, online
Carga Horária: 51 horas
Etapas/Datas:
1ª etapa
20jan2023
27jan2023
03fev2023
10fev2023
17fev2023
24fev2023
2ª etapa
24mar2023
31mar2023
14abr2023
28abr2023
05mai2023
12mai2023
3ª etapa
02jun2023
23jun2023
30jun2023
07jul2023
14jul2023
alunos de graduação e pós-graduação
Artistas, curadores, profissionais de museus, profissionais das artes, professores do ensino básico e superior,
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