As pesquisas sobre as necessidades profissionais de empregadores e estudantes dos agronegócios começaram na década de 1920, e tiveram como foco as disciplinas voltadas para os agronegócios nos programas de graduação em Economia Agrícola dos Estados Unidos (LARSON, 1996). Segundo o autor, as décadas de 1980 e 1990 registraram crescimento acentuado no contingente de matriculados em cursos de Agronegócios no país, em detrimento do número de estudantes nos cursos de Economia Agrícola. Frente a essa mudança, um maior número de pesquisas passou a investigar o perfil profissional desejado de egressos de cursos de graduação em Agronegócios. Para isso, foram buscadas informações junto à empregadores, educadores e egressos de agronegócios em diversas organizações e países.
A pesquisa de Litzenberg et al. (1983) pode ser apontada como a principal referência dos trabalhos que buscam identificar as demandas relacionadas ao perfil profissional de egressos dos cursos de agronegócios. Isto porque a metodologia Agribusiness Management Aptitude Skill Survey (AGRIMASS) foi, e continua sendo replicada em inúmeros países e regiões. Por meio dos questionários AGRIMASS, os pesquisadores solicitam que representantes de empresas de agronegócios comparem e avaliem características e habilidades exigidas aos egressos dos cursos de graduação em Agronegócios. O questionário possui total de 78 parâmetros/variáveis considerados importantes, agrupados em 6 grandes categorias:
• Negócios e economia;
• Computação, métodos quantitativos e inteligência de mercado;
• Habilidades técnicas;
• Habilidades de comunicação;
• Qualidades pessoais;
• Emprego, trabalho e experiências gerais.
Em seu trabalho original, Litzenberg et al. (1983) receberam respostas de 543 agronegócios e agências governamentais dos EUA. Nas respostas, os entrevistados informaram, com base em uma escala de zero a dez pontos, o valor atribuído à características e habilidades desejadas nos egressos, tendo a relevância dos itens na vida profissional como referência para a classificação. Os resultados indicaram que qualidades
interpessoais como iniciativa, alto padrão moral/ético, capacidade de resolução de problemas e capacidade de trabalhar em grupo foram avaliadas como as habilidades mais importantes. As habilidades de comunicação que envolvem a comunicação escrita, oral e técnica ficaram em segundo lugar, e as habilidades de negócios e economia como finanças, contabilidade e marketing ocuparam a terceira posição no ranking geral.
A metodologia AGRIMASS foi aplicada junto a empregadores dos agronegócios em diversos países, como Canadá (HOWARD, 1989), Austrália (SCHRODER, 1989), Nova Zelândia (ROS, 1989), Brasil (BATALHA et al., 2005), Africa Sub-Saariana (MABAYA et al., 2010) e Armenia (URUTYAN; LITZENBERG, 2010). De modo geral, os resultados foram semelhantes aos observados na pesquisa original, com destaque para as qualidades interpessoais, as habilidades de comunicação e as habilidades de negócios e economia.
No Brasil, as habilidades desejadas pelos empregadores dos agronegócios foram objetos de pesquisas no início da década de 2000. Coordenadas pelo Prof. Dr. Mário Otávio Batalha do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, os trabalhos buscaram identificar as características mais relevantes do perfil do profissional demandado pelo agronegócio brasileiro.
Para a análise, foram coletadas informações junto a 619 empregadores de diversos setores dos agronegócios no país. Os resultados mostraram que as habilidades e os conhecimentos considerados como mais importantes pelas empresas enquadram-se nos tópicos de qualidades interpessoais e habilidades de comunicação e expressão. Destaca-se a pouca relevância atribuída ao item experiência profissional, que ficou em último lugar no ranking brasileiro. O resultado se deve à grande diversidade de atividades realizadas nos agronegócios e ao fato de que as empresas valorizam mais a aquisição de experiências específicas aos setores de atuação desenvolvidas pelos profissionais no decorrer das tarefas (BATALHA et al., 2005).
Em função da sua natureza única no sistema econômico, o escopo dos currículos educacionais e o perfil profissional do egresso de gestão de agronegócios seguem sendo objetos recorrentes de ampla pesquisa e avaliação. Pesquisas mais recentes sobre o tema têm se esforçado para capturar as mudanças percebidas pelos agentes e transformá-las em conteúdos e disciplinas dos cursos de agronegócios.
Em comum, os estudos mais recentes partem da visão do agronegócio menos centrado na fazenda (produção agropecuária) e mais preocupado com o consumidor final, os mercados que levam os produtos até o consumidor final, e os recursos naturais empregados na cadeia de produção. De acordo com Ng e Siebert (2009), a ressignificação dos agronegócios destaca o papel central do consumidor e dos recursos naturais, pois os consumidores impulsionam a demanda, e os recursos naturais podem agir como limitantes das atividades produtivas e empresariais.
Segundo Noel e Qenani (2013), com percentagens menores da população provenientes de fazendas e áreas rurais, é provável que menos pessoas sejam versadas em agropecuária. Além disso, devido à natureza global e mais verticalmente coordenada dos agronegócios nos dias de hoje, os agentes nas indústrias precisam de uma melhor compreensão da cadeia de oferta externa à firma. Nesse sentido, Hurley e Cai (2012) afirma que ingressantes nos agronegócios precisam ter flexibilidade para se adaptar a um ambiente global em rápida mudança e evolução. Segundo os autores, fatores como a concorrência global e o maior valor adicionado aos produtos alimentícios estão exigindo que o agronegócio se mova com muito mais agilidade e flexibilidade do que era necessário no passado.
É nesse contexto que o curso de graduação em Gestão de Agronegócios da Universidade de Brasília se insere e busca formar profissionais para os agronegócios do século XXI.
Os egressos devem ser capazes de compreender a relevância da integração dos sistemas agroindustriais, assim como a necessidade de adaptação às mudanças nas condições externas às empresas. Pode-se afirmar que o perfil desejado dos egressos do GEAGRO compreende as seguintes habilidades:
• Compreender a importância da resolução de problemas por meio da combinação de uma variedade de disciplinas e habilidades interpessoais de comunicação;
• Aliar a sólida formação em metodologias de gestão com conhecimentos técnicos de produção peculiares aos agronegócios;
• Deter habilidades e competências para solucionar problemas e enfrentar situações imprevisíveis de incerteza e instabilidade, usando raciocínio lógico e analítico;
• Ter conhecimento de métodos quantitativos e qualitativos empregados para estabelecer relações causais entre fenômenos observados no mundo real e empregá-los como instrumentos de gestão;
• Desenvolver capacidades para se expressar de modo ético, crítico e humanista diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais vivenciados nos agronegócios.
O curso prevê o ensino e a integração de um conjunto de conteúdos caracterizados como: de formação básica, de formação profissional e prática, de formação na extensão e de componentes optativos. A prática pedagógica tem como base métodos ativos de ensino-aprendizagem com foco na aprendizagem significativa, ativa e problematizadora. Portanto, são valorizados os princípios da aprendizagem significativa como a base necessária para compreensão e proposição de soluções, incentivando o aluno à reflexão sobre novos fatos, e assim oferecer-lhe suporte pedagógico que possibilite utilizar estes fatos para a integralização de novos conhecimentos em diferentes contextos.
Os princípios pedagógicos norteadores do curso buscam a integração interdisciplinar das áreas de administração, agronomia, medicina veterinária e economia, e demais áreas correlatas. Essa integração ocorre na perspectiva de articulação da teoria e prática, a partir de um processo de ensino e aprendizagem significativa, colaborativa e ativa, da gestão pedagógica mediada para promover o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao profissional como Gestor de Agronegócios.
A avaliação é concebida como atividade contínua do processo de ensino-aprendizagem. As estratégias de avaliação inicial, formativa e somatória constituem os instrumentos adotados na prática, envolvendo estudantes e professores. Elas privilegiam a avaliação formativa, ou seja, aquela resultante do trabalho contínuo do estudante nos diferentes eventos e ambientes de aprendizagem. Os princípios norteadores e as estratégias metodológicas viabilizarão o acompanhamento dos processos de ensino-aprendizagem e pedagógico, possibilitando evidenciar os avanços, identificar as dificuldades e realizar os ajustes necessários para a formação do Gestor de Agronegócios.
A avaliação analisa os diversos participantes no processo de ensino-aprendizagem e suas diferentes perspectivas e interpretações. Para tanto, é necessário que o professor tenha em conta as perspectivas alternativas e diferentes enfoques e características dos demais atores do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, os alunos.
O método de avaliação de aprendizagem será elaborado por cada professor, observando as características dos aprendizes, especificidades de cada disciplina e área de conhecimento envolvida. Os critérios deverão observar a capacidade de aquisição, assimilação e retenção dos conteúdos aprendidos, bem como a sua aplicação em diferentes situações e contextos. Há especial atenção com o uso de técnicas de ensino que permitam o desenvolvimento de competências, o espírito crítico, a capacidade de solucionar problemas e o aprendizado baseado em projeto.
Serão utilizados diferentes métodos e técnicas de avaliação, conforme características dos alunos, natureza das competências a serem desenvolvidas e área de conhecimento. Como métodos de avaliação, destacam-se os testes escritos, estudos dirigidos individuais ou em grupo, relatórios de pesquisa ou de atividades de campo, apresentação de seminários, resenhas, dentre outras atividades escolhidas pelo professor responsável em consonância às normas da UnB.
Por fim, vale ressaltar que a avaliação do rendimento escolar abrange critérios objetivos com a atribuição de menções e obedece a orientações previstas no Regimento Geral da UnB. As menções atribuídas ao rendimento acadêmico do estudante em disciplina e sua equivalência numérica são:
• SS (Superior): 9 a 10;
• MS (Médio Superior): 7 a 8,9;
• MM (Médio): 5 a 6,9;
• MI (Médio Inferior): 3 a 4,9;
• II (Inferior): 0,1 a 2,9
• SR (sem rendimento): zero.