Acurácia lexical e atenção no processo de aprendizagem de inglês em alunos com autismo
Aprendizagem de L2. Atenção. TEA. Eye tracking. Acurácia lexical
Os estudos sobre a aprendizagem de língua inglesa como segunda língua (L2) e o desenvolvimento educacional dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm ganhado espaço em nossa sociedade. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo investigar o processo de aprendizagem em alunos com autismo em sala de aula de L2, em um Centro Interescolar de Línguas do Distrito Federal (CIL), por meio da análise da correlação estatisticamente significativa entre a acurácia lexical de dez vocábulos monossilábicos em língua inglesa e a atenção de alunos com autismo, participantes desta pesquisa. Para análise desta investigação, serviram de base os estudos sobre acurácia lexical (Ortega, 1999, 2009; Yuan; Ellis, 2003; Mota, 2003; Weissheimer; Mota, 2011); atenção (Schmidt, 1990, 1995, 2001, 2010, 2012; Leow, 2000, 2009, 2015, 2017, 2019, 2023; Robinson, 2001, 2003, 2017; Bergsleithner, 2009); e produção oral em segunda língua (Ortega, 1999, 2009; Yuan; Ellis, 2003; Mota, 2003; Weissheimer; Mota, 2011). A pesquisa, de natureza quantitativa, utilizou o instrumento metodológico e tecnológico eye tracking para medir a atenção dos participantes e relacionar com a acurácia lexical dos dez vocábulos monossilábicos selecionados. O experimento foi realizado com doze (12) participantes (estudantes de inglês do Ciclo 1 – Iniciantes – de 13 a 16 anos de idade) divididos em dois grupos: um Grupo experimental (formado por alunos com autismo) e um Grupo Controle (formado por alunos neurotípicos), contendo seis (06) participantes em cada. Como instrumentos de coletas de dados foram utilizados: (1) uma tarefa de produção oral, aplicada em três momentos diferentes, considerados como testes de mensuração de vocabulário (pré-teste, pós-teste imediato e pós-teste tardio); (2) input dos vocábulos monossilábicos selecionados para este estudo, o qual foi realizado pela professora regente da sala de aula em que os participantes da pesquisa estiveram inseridos. Este input consistiu na apresentação do tema “meu quarto” em inglês, no qual a professora ensinou tanto os significados quanto as pronúncias dos vocábulos, com apoio de imagens de um quarto e de atividades de áudio com pronúncias desses vocábulos; e, (3) um procedimento metodológico, através do uso de eye tracking, para medir a atenção dos participantes. Os resultados indicaram que não houve correlação estatisticamente significativa entre a acurácia lexical e a atenção, em ambos os grupos. Contudo, os participantes com autismo apresentaram desempenho superior na produção oral em relação aos neurotípicos. Esse desempenho pode estar relacionado ao conhecimento prévio dos vocábulos e ao uso de estratégias pedagógicas visuais e contextualizadas, adaptadas ao estilo de aprendizagem dos alunos com TEA. As conclusões deste estudo reforçam que a aprendizagem de L2 por estudantes com autismo é possível e produtiva quando há planejamento adequado, considerando as necessidades específicas desses aprendizes. Os achados também apontam para a importância de práticas pedagógicas inclusivas e para a necessidade de novos estudos com amostras maiores e mais homogêneas, a fim de aprofundar a compreensão sobre os fatores que influenciam a aprendizagem de L2 no contexto do TEA.