Territórios Ancestrais Guarani sob pressão do Capital em crise: os arrendamentos no Cone Sul da América do Sul entre o sul do Mato Grosso do Sul e a Leste do Paraguai
Território Ancestral Guarani; arrendamento; Capital; agronegócio
O tema de pesquisa da tese é o arrendamento em Território Ancestral Guarani na fronteira sul entre Mato Grosso do Sul Guarani Kaiowá e Leste do Paraguai Guarani Mbya, situados na região central do Cone Sul da América do Sul. A investigação revelou a existência de um sistema de dominação através de arrendamentos de territórios indígenas cuja ancestralidade e usos tradicionais está garantida constitucionalmente. Trata-se de uma expropriação do uso econômico do território indígena por não-indígenas, um sistema de dominação das populações originárias que vem gerando vários conflitos internos às comunidades. O sistema de dominação a través dos arrendamentos se utiliza de micro redes de parentelas indígenas conectadas a redes de agentes internos que possuem força política ao interior das comunidades e estão articulados com agentes externos como fazendeiros e cooperativas capitalistas que por sua vez, comercializam as commodities de soja e milho para grandes corporações transnacionais. O capital mobiliza nos territórios vários elementos de controle social e territorial, entre os quais estão diversas formas de adiantamento de bens e serviços e dívidas criando laços de dependência econômica. A finalidade da tese foi demonstrar que os territórios ancestrais estão sob pressão do capital em crise, que encontra formas de expansão e se apropria do uso econômico da terra prescindindo da propriedade e se inserindo em aldeias e retomadas a partir de mecanismos de subordinação das populações indígenas. O agronegócio com seu pacote agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes transgênicas deixa um rastro de destruição da natureza e da cultura indígena afetando a cosmovisão, o modo de ser e a roça tradicional ou Kokue dos Guarani Kaiowá e os Guarani Mbya. A falta de fiscalização dos órgãos públicos e a falta de demarcação territorial em ambos países, com o Estado como mediação desses processos de acumulação capitalista mostra como a retomada e as lutas de autodemarcação são a saída radical encontrada por parte das comunidades que resistem e se negam a abandonar suas rezas e seu modo de ser tradicional.