Si me permiten hablar…
Testimonio, interseccionalidade e feminismos: as contribuições de Domitila para o pensamento social latino-americano
Domitila, testimonio, interseccionalidade
Essa dissertação de mestrado busca publicizar a vida de Domitila Barrios Cuenca, mais conhecida como Domitila Chungara, uma indígena líder do movimento de mulheres das minas bolivianas dos anos 1960, e discutir a partir do “conhecimento encarnado” o pensamento social latino-americano produzido por mulheres. Mãe, dona de casa, vendedora de salteñas e Secretária-Geral do Comité de Amas de Casa de Siglo XX, organização aliada ao movimento sindical mineiro, teve importante papel democrático nas ditaduras militares de General René Barrientos (1964-1969) e de Hugo Banzer (1971-1978) pela libertação de seu povo. Seu testimonio, publicado por Moema Viezzer (1977), denuncia as péssimas condições de vida e trabalho nas minas e as violências do Estado contra os trabalhadores, indígenas, campesinos e donas de casa. Participante da Tribuna del Año Internacional de la Mujer das Nações Unidas, em 1975, compartilhou a visão popular da realidade boliviana e as consequências do imperialismo capitalista na Bolívia, evidenciando que não é possível homogeneizar a experiência das mulheres. A pesquisa mostrou que, o que tardiamente viria a ser teorizado como interseccionalidade, já vigoravam na América Latina e que o “conhecimento encarnado” é uma potente forma de contribuição para produção de conhecimento para o pensamento social latino-americano.