O ALINHAMENTO GEOPOLÍTICO DO ESTADO NACIONAL BRASILEIRO E SEUS IMPACTOS NAS POLÍTICAS DE FLUXOS MIGRATÓRIOS DE HAITANOS E VENEZUELANOS PARA O BRASIL
Migrações Internacionais – Migrações Sul-Sul – Giro Geopolítico – Migração Haitiana – Migração Venezuelana
O presente estudo tem por objetivo analisar o giro geopolítico ocorrido no Estado nacional brasileiro na última década (2011-2020). A hipótese sustentada é de que no recorte temporal considerado, as políticas de fluxos migratórios foram resultantes de interesses e alinhamentos geopolíticos do Brasil com outros países. A última década foi marcada por um aumento sensível no contingente de refugiados fruto de processos ambientais, guerras tribais e sectárias e mesmo em razão do fechamento de fronteiras. No campo das migrações Sul-Sul, a década de 2010 seria uma das mais profícuas dentro dos estudos de mobilidade humana e o Brasil se colocaria como um dos destinos dos novos fluxos migratórios. A partir de 2010, a migração haitiana para o país se intensificaria a ponto daqueles fluxos passarem a ocupar a primeira posição no mercado de trabalho formal ainda em 2013. Em contrapartida no ano de 2015, por motivos da instabilidade econômica, política, social ocorrida após a morte de Chávez, o Brasil passaria a ser um dos principais destinos de migrantes venezuelanos. Na primeira metade da década de 2010, as pretensões dos governos progressistas de Lula e Rousseff em transformar o Brasil num player internacional, além da forte proposta de inclusão social e uma política de transferência de renda propiciaram o surgimento de um mercado interno que expandiu o poder de compra da população, principalmente a de baixa renda, se transformariam em fortes atrativos à migração haitiana. Por outro lado, a partir de 2019 no governo Bolsonaro, que a princípio se colocaria contra a imigração, partindo de um alinhamento com o governo estadunidense de Trump, se reorientaria em defesa dos refugiados venezuelanos e facultaria a entrada de mais de 400.000 migrantes daquele país durante seu governo.