Agendas políticas de movimentos de indígenas mulheres no Brasil e Bolívia (2017-2020)
Movimentos de indígenas mulheres; corpo-território, amansamento; emancipação epistêmica.
Analiso em perspectiva comparada as agendas políticas de movimentos de indígenas mulheres no Brasil e na Bolívia. A agenda política se traduz nas dinâmicas de priorização de problemas sociais que, a partir da visão coletiva, estimulam mobilização e articulação objetivando mudanças. Estudar as agendas políticas permite compreender as dinâmicas de ação coletiva pela superação das diversas formas de violências contra os corpos-território de indígenas mulheres brasileiras e bolivianas e sua legitimação como sujeitas políticas. Utilizei teorias, conceitos, e metodologias feministas decoloniais que enfatizam a horizontalidade na construção do saber. A análise retoma a apropriação dos conceitos de corpo-território, amansamento, emancipação epistêmica, gênero, etnicidade e colonialidade pelos movimentos de indígenas mulheres desses países. Metodologicamente adotei a perspectiva comparada e a análise textual discursiva (ATD). O corpus da pesquisa foi composto por 20 fontes documentais que abrangem o escopo temporal de 2017 a 2020 e por observação participante de 13 eventos presenciais e online realizados por indígenas mulheres de ambos países em 2019 e 2020. A comparação se voltou para quatro temáticas recorrentes na análise dessas fontes documentais: i) violações de direitos à consciência corpo-território; ii) tecido de redes de resistência; iii) emancipação epistêmica e rescrita da história e v) amansamento de espaços políticos públicos. Destacar as indígenas mulheres como sujeitas políticas na luta por demandas específicas de gênero é reconhecer que a defesa da emancipação dos corpos-território não se dissocia da resistência dos territórios-terra.