Inequidade em trânsito: solidariedade e capital social na experiência de mulheres venezuelanas em Porto Alegre
migração internacional; mulheres venezuelanas; capital social; redes de solidariedade; Porto Alegre.
Esta pesquisa aborda a migração feminina venezuelana, considerando o cenário macropolítico da indústria da migração e da globalização neoliberal na América Latina. Através da perspectiva interseccional de gênero e da relevância do capital social, este estudo versa sobre as experiências de mulheres migrantes venezuelanas que residem em Porto Alegre, com o objetivo geral de identificar como constroem redes de solidariedade, a partir da ação individual e coletiva, para reestruturar suas vidas naquela localidade de destino. Ademais, indagou-se acerca dos padrões das experiências com a rede de assistência humanitária, e buscou-se averiguar a construção da solidariedade e respectiva rede com base em vivências, valores e crenças e objetivos em comum. Para tanto, foi empregada a metodologia qualitativa, por meio das técnicas de entrevista em profundidade e de grupo focal, cujos universos foram examinados por meio de análise de conteúdo temática. A pesquisa permite avançar na compreensão de que a relação com a rede de assistência humanitária se constrói a partir da instrumentalização dela com o objetivo de suprir necessidades dos grupos familiares, estando fortemente associada com a posição dessas mulheres nas cadeias de cuidado. As narrativas permitiram inferir um grau de desnorteamento e, por vezes, ausência de consciência manifesta acerca de possíveis aspectos macropolíticos causadores da situação migratória vivenciada. Observou-se, ao mesmo tempo, o enfraquecimento da relação do pertencimento e da autoestima, em especial com o exercício laboral e, por conseguinte, com o processo de reestruturação pretendido, o que é indicado como uma das expressões padrão da migração feminina latino-americana e sua inerente repetição da vulnerabilidade.