Banca de DEFESA: Mariana Wiecko Volkmer de Castilho

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Mariana Wiecko Volkmer de Castilho
DATA : 30/03/2023
HORA: 09:00
LOCAL: Plataforma Teams
TÍTULO:

Guardiãs das sementes: segurança e soberania alimentar na vida das Mbya Guarani no Brasil e na Argentina

PALAVRAS-CHAVES:

Mbya Guarani, direito humano à alimentação, políticas públicas, re-existência, protagonismo feminino

PÁGINAS: 315
RESUMO:

O tema da tese é o direito humano à alimentação (DHA) dos povos indígenas. Considerando o desencontro de percepções e de compreensões sobre o tema, entre agentes estatais e povos indígenas, bem como o protagonismo que as mulheres indígenas passaram a ter na discussão das políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, duas perguntas nortearam a pesquisa: O que as mulheres indígenas entendem por segurança alimentar e nutricional (SAN) e soberania alimentar (SobA)? Em que a compreensão delas se aproxima ou se distancia dos conceitos estabelecidos pelos Estados Nacionais e pelas Nações Unidas? Para comparação escolhi, como unidade de análise, o povo Mbya Guarani, que habita um território dividido entre Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. A comparação se restringiu aos dois primeiros países. A hipótese, que foi comprovada, é de que os conceitos centrais não são o direito à alimentação, a SAN ou a SobA, mas o reconhecimento pelo Estado de extensões de terras que garantam a reprodução física e cultural de acordo com o modo de ser, fazer e viver Guarani. Ou seja, direito coletivo a um território. O objetivo central foi o de demonstrar como xs Mbya Guarani, no Brasil e na Argentina, entendem, vivenciam e buscam concretizar a SAN e a SobA conforme o modo de ser, de saber, de fazer e de viver Guarani. A pesquisa apoiou-se em autorxs de diferentes áreas do conhecimento que se filiam ao paradigma questionador da colonialidade do poder; utilizou-se a metodologia colaborativa – na medida do possível, tendo em vista a pandemia de Covid-19 -, que valoriza outros conhecimentos e outras formas de circulá-los bem como o método de comparação. A tese é tecida a partir de diferentes vozes, corporalidades e narrativas, a fim de construir uma História que seja a mais possível compreensiva das especificidades do povo Mbya Guarani, que não aceita as fronteiras erigidas arbitrariamente por Estados Nacionais. Estruturada em cinco capítulos mostra, no Capítulo 1, as divergências entre os Estados Nacionais, Nações Unidas e suas agências com os povos indígenas – em especial o povo Mbya Guarani - no modo de compreender e operar o Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas (DHANA) e a SAN. O Capítulo 2 traz a cosmovisão Mbya sobre o território (Yvyrupa), a aldeia (tekoa), as sementes e os alimentos. No Capítulo 3 é analisada a relação entre xs Mbya e os Estados brasileiro e argentino, caracterizada pelo inexistente diálogo horizontal e pela distante concretização da autonomia/soberania alimentar. O Capítulo 4 é construído por corpos e vozes femininas, acadêmicas e/ou indígenas, a revelar o papel preponderante das Mbya Guarani nos espaços domésticos e públicos da aldeia, mas também para fora da aldeia/tekoa. O Capítulo 5, Resistir para existir, apresenta as iniciativas autônomas, de mulheres Mbya, com a parceria dos homens e de outrxs atorxs, de fora das aldeias/tekoa. No movimento de caminhar; trocar sementes, saberes e sabores xs Mbya vão construindo outros mundos para poderem continuar existindo como povo. A Conclusão, por fim, repassa e ressalta as semelhanças e diferenças existentes na Argentina e no Brasil no que diz respeito à institucionalização da SAN; a relação do Estado com os Povos Indígenas/Originários; bem como a mobilização e as práticas de re-existência dxs Mbya como povo

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3356294 - ELAINE MOREIRA
Interno - 1550815 - CRISTHIAN TEOFILO DA SILVA
Externa à Instituição - DELIA MARIA DUTRA DA SILVEIRA MARGALEF - UnB
Externa à Instituição - KARINA ANDREA BIDASECA - UBA
Externa à Instituição - MARCIA ANITA SPRANDEL - UNICAMP