Prática democrática na Bolívia contemporânea: indo além das concepções hegemônicas?
Palavras-chave: Bolívia; Democracia Intercultural; Projetos políticos; MAS-IPSP
O objetivo dessa pesquisa é analisar o processo democrático na Bolívia desde o começo dos anos 2000, período no qual o país passou por uma ampla transformação política. Os movimentos sociais que estiveram a frente da Guerra do Gás (2000) e da Guerra da Água (2003) lograram eleger Evo Morales como novo presidente em 2005 e, neste contexto, a Bolívia passou por mudanças institucionais que promoveram uma inserção de setores historicamente apartados da política no processo de policy-making. Morales foi reeleito em 2009, 2014 e 2019. A pergunta de pesquisa é a seguinte: o processo democrático boliviano foi além das concepções hegemônicas de democracia? Entende-se que, embora a Bolívia tenha avançado no processo de inclusão política sobretudo no período da Assembleia Constituinte (2006-2009) e no momento de promulgação da nova Constituição Política de Estado (2009) que refundou o Estado, o aprofundamento democrático ficou contido no primeiro governo de Morales (2006-2010). Após esse período, a intensificação das tensões e da crise política que culminou em um golpe de Estado em 2019 marcou a perda de alianças do MAS-IPSP e a restrição da capacidade de diálogo entre o partido e a população.