Álbuns e atlas maricas y transviados: um estudo comparativo de fotografias de militantes LGBTI+ entre os anos 60 e 80 no Brasil e na Argentina
Movimento LGBTI+ latino-americano; Fotografia; Memória; Memória LGBTI+; Estudos Comparativos.
Os primeiros grupos LGBTI+ organizados na Argentina e no Brasil surgem com uma década de diferença; ao final dos anos 60 e ao final dos 70, respectivamente. Ainda que os países estivessem em momentos distintos de relação entre sociedade civil e regime autoritário, ambos movimentos iniciam a sua atuação em períodos ditatoriais e, mesmo com a repressão, traçam o surgimento de um sujeito militante inédito. Esta nova subjetividade desviada expande as zonas de interrogação dentro das esquerdas e alarga o que é concebido como política, instigando reflexões sobre os possíveis contatos entre política sexual e transformação democrática. São poucas as fotografias difundidas publicamente que retratam estes primeiros passos da militância. Nas pesquisas sobre o início do movimento LGBTI+ dos dois países, as imagens, quando acionadas, geralmente aparecem em caráter acessório, não como objeto de pesquisa ou em seu potencial de contribuição metodológica. A partir de uma análise comparativa de algumas fotografias da época, este projeto busca investigar aportes da linguagem fotográfica, em seu lugar simultâneo de fabulação e documento, para o campo da memória LGBTI+ latino-americana. Tendo como horizonte produzir aqui um "álbum imaginado"/atlas marica y transviado, procuramos costurar um exercício de montagem visual que marca aproximações, trazendo à tona possíveis fissuras e conexões, e propor experimentações a partir do potencial heurístico da visualidade para o campo dos estudos comparativos.