Fluxos virtuais de serviços ecossistêmicos do Cerrado para o mundo no comércio agrícola: uma perspectiva de corresponsabilidade
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Consumidores e produtores estão vinculados por suas interações na cadeia produtiva de um bem ou serviço. Produtores tomam decisões sobre processos produtivos e características dos produtos através de sua percepção das demandas de consumo. Isso sugere que o consumidor tem parte da responsabilidade pelos resultados da produção, incluindo impactos positivos e negativos que a produção imponha ao ambiente. Isto é, consumidores e produtores são, em hipótese, corresponsáveis por tudo o que é gerado na produção. Os serviços ecossistêmicos sustentam a produção agrícola em diferentes proporções. Por exemplo, dois terços da água consumida no mundo é para uso direto na agricultura, e a biodiversidade, através dos serviços de polinização, também garantem produção a culturas como a soja. Esses serviços são virtualmente incorporados ao produto final e fluem através das transferências comerciais da região produtora à consumidora, levando esta última a usufruir remotamente de serviços ecossistêmicos disponíveis na origem. O cerrado brasileiro é um polo produtor de destaque mundial e grande reservatório de serviços ecossistêmicos. Logo, parte dos serviços disponíveis nesse bioma é constantemente transferido de maneira incorporada nos produtos agrícolas exportados para o mundo. A proposta deste estudo é analisar, no âmbito do comércio internacional de produtos agrícolas do Cerrado, o papel dos fluxos virtuais de água e polinização e da corresponsabilidade entre produtores e consumidores na sustentabilidade ecológica e econômica do bioma.