Redes de cidades e clusters de circularidade: caminhos viáveis de transição para cidade circular
economia circular, sustentabilidade urbana, princípios da economia circular.
O modelo vigente de economia linear, onde há constante extração e descarte de recursos, resulta em impactos negativos em todas as dimensões da sustentabilidade urbana. A economia circular se opõe a este modelo por meio da proposição de estratégias que visam contribuir para a otimização do ciclo de vida de materiais e produtos. Como a maior parte dos recursos são consumidos e descartados dentro do ambiente urbano, a questão problema desta tese é “a transição para cidade circular contribui positivamente para a sustentabilidade urbana?”. Considerando que cidade circular é aquela que incorpora e aplica os princípios da economia circular, o objetivo geral foi identificar se a transição para cidade circular é viável e qual a sua contribuição para a sustentabilidade urbana. Metodologicamente, esta pesquisa se caracteriza como qualitativa e descritiva-explicativa, tendo sido organizada em quatro etapas: i) revisão de literatura sobre economia circular e metabolismo urbano (capítulos dois e três) por meio de revisão integrativa e análise bibliométrica; ii) revisão de literatura sobre cidade circular e as inter-relações dela com outras sete tipologias urbanas sustentáveis (capítulo quatro), nesta etapa, empregou-se revisão narrativa; iii) identificação dos requisitos de transição para cidade circular, tendo como exemplo a cidade de Amsterdã/Holanda (capítulo cinco), com pesquisa realizada em relatórios institucionais; e iv) análise de como os requisitos de transição para cidade circular podem ser atendidos por meio de organização em clusters de circularidade ou em redes de cidades (capítulo seis), tendo a reciclagem de alumínio no Brasil como exemplo e a metodologia baseada em revisão de relatórios e pesquisa em sites institucionais. Esta tese demonstra que os requisitos para projetos/programas que contribuam para a transição para cidade circular podem ser organizados em uma estrutura que abrange triple de ciência, tecnologia e inovação, condições estruturais, governança e dínamo da transição. Demonstra-se também que essa estrutura de requisitos pode ser aplicada tanto em clusters de circularidade quando em redes de cidades. Projetos/programas em clusters de circularidade são indicados para cidade ou grupo de cidades próximas que, no conjunto, detenha os recursos necessários para a implementação de uma determinada estratégia de transição. Quando a cidade ou região não possuir toda a estrutura necessária para a implementação da estratégia, recomenda-se a organização em redes de cidades, até o limite da viabilidade do custo tecnológico e/ou logístico. Em ambas as situações, a transição para cidade circular se dá em estrutura espiral crescente de tal forma que, quando maior a quantidade de projetos/programas que se tenha, maior o nível da transição. Considera-se também que a amplitude dessa espiral tem como requisito fundamental a condição estrutural das cidades, no que tange à ação de entidades governamentais que desenvolvam, implementem e monitorem a aplicabilidade de políticas públicas que incentivem a transição para cidade circular. Assim, conclui-se que a transição para cidade circular é possível, e que a aplicação dos princípios de economia circular na cidade contribui para a sustentabilidade urbana nas dimensões social, ambiental e econômica.