MULHERES TRABALHADORAS RURAIS NA REGIÃO DO CARIRI OESTE: (RE)PENSANDO A INTEGRAÇÃO DA PERSPECTIVA DE GÊNERO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
gênero; desenvolvimento sustentável; Semiárido; mulheres trabalhadoras rurais.
Este trabalho se insere em uma discussão sobre a integração da perspectiva de gênero ao Desenvolvimento Sustentável, considerando que a questão do Desenvolvimento Sustentável e os debates sobre gênero e desenvolvimento estão inseridos em um processo de governança global. Quando tratados dessa maneira, acordos internacionais interferem nas políticas públicas nacionais/locais e, consequentemente, impactam na vida das pessoas. A proposta do Desenvolvimento Sustentável é que o desenvolvimento precisa ser justo e includente, para tanto as demandas reais das mulheres precisam ser ouvidas e consideradas para que de fato elas estejam incluídas como atrizes em novos modelos de desenvolvimento. O objetivo central desta Tese é compreender as demandas das mulheres trabalhadoras rurais do Semiárido de modo a resgatar suas contribuições para a integração da perspectiva de gênero à sustentabilidade e valorizar o protagonismo dessas mulheres. Para tanto, foi realizado um estudo empírico na região do Cariri Oeste, interior do Ceará, Nordeste do Brasil. Foram entrevistadas 32 mulheres a partir do método da história oral de vida. As mulheres do Semiárido têm um papel muito importante na continuidade desse território, por terem permanecido nesse espaço mesmo em situações adversas e assumido as atividades socieconômicas e culturais durante os longos períodos de estiagem. Os resultados demonstram que as debates sobre gênero e desenvolvimento passaram por algumas fases desde a década de 1950, porém poucas têm sido as alterações recentes dentro da criação de uma estratégia voltada para a discussão de gênero e desenvolvimento sustentável. As agendas internacionais para o Desenvolvimento Sustentável têm repetido elementos que geram a manutenção da invisibilidade das mulheres e seu distanciamento da participação política e de atividades decisórias. Demandas essas que podem ser percebidas no estudo empírico. As mulheres entrevistadas apresentaram necessidades voltadas ao reconhecimento de sua atuação em atividades agropecuárias mais adaptadas às condições climáticas do Semiárido, reconfiguração da autonomia das mulheres nas relações familiares, principalmente na capacidade de decisão, e maiores condições para a participação política. As conclusões mostram que as demandas das mulheres trabalhadoras rurais do Semiárido não apenas são diferentes dos focos das agendas internacionais para o Desenvolvimento Sustentável, mas por vezes as ações que essas mulheres estão realizando ainda precisam ser consideradas nos escopos dessas agendas.