Associações entre visitação, pesquisas, efetividade de gestão e espécies ameaçadas da fauna em parques nacionais brasileiros: um ensaio estatístico
Turismo, conservação da biodiversidade, pesquisas, efetividade de gestão, áreas protegidas
As áreas protegidas são amplamente reconhecidas como estratégia importante para a conservação da biodiversidade e como locais privilegiados para a pesquisa, a educação ambiental, o turismo e a recreação nanatureza. A literatura indica que o ecoturismo pode contribuir para evidenciar o valor dessas áreas, fortalecer agestão, promover melhorias na infraestrutura e na capacidade técnica, além de apoiar financeiramente ações de conservação de espécies. Nesta pesquisa quantitativa, testei a teoria de que o turismo atua como instrumento de conservação da biodiversidade nos parques nacionais brasileiros. A partir de dados oficiais, analisei o efeito do nível de visitação sobre o número de espécies ameaçadas da fauna, controlando outras variáveis, como número de pesquisas, escores de efetividade de gestão, bioma, área e idade dos parques. Os resultados indicam que o nível de visitação das unidades tem um efeito significativo, embora pequeno, sobre o número de espécies ameaçadas que ali ocorrem. No entanto, o efeito é inconsistente, indicando que a variável é dependente do contexto e das variáveis associadas. Dentre as variáveis-controle, destacaram-se o número de pesquisas e o indicador de insumos do SAMGE como preditores robustos do número de espécies ameaçadas nos parques. O número de pesquisas também revelou ser um forte preditor do nível de visitação. Esses achados ressaltam a importância de análises multivariadas e evidenciam uma sinergia entre visitação, pesquisas e sustentabilidade financeira nos parques nacionais, apontando a necessidade de políticas públicas que promovam essa integração.