"Análise dos efeitos da estimulação de ácidos graxos sobre parâmetros carcinogênicos e metabolismo lipídico de células de adenocarcinoma pancreático."
Adenocarcinoma pancreático, Ácido palmítico, Ácido docosaexaenoico, Efeito antitumoral.
O adenocarcinoma pancreático é o câncer mais comum do pâncreas. Por possuir um processo de carcinogênese silencioso, de difícil detecção e ser difícil de tratar em estágios avançados, é uma das neoplasias com maior letalidade e menor tempo de sobrevida. A dieta possui relevância clínica para a saúde de pacientes pois pode modular parâmetros energéticos, oxidativos e inflamatórios que são relevantes para processos fisiológicos e patológicos. Os ácidos graxos são moléculas que podem ser obtidas pela dieta e que influenciam diversos parâmetros tumorais como sobrevivência, proliferação, metabolismo energético, migração e resposta a estress. Dentre os ácidos graxos, o ácido palmítico (PA) é encontrado em óleos, gorduras e em grande quantidade em ultraprocessados. A literatura demonstra resultados variados do PA no contexto tumoral demonstrando a necessidade da validação do seu efeito em cenários como o adenocarcinoma pancreático. Outro ácido graxo importante é o ácido docosaexaenoico (DHA) que é encontrado em óleo de peixe, e está associado a benefícios a saúde. Já foi demonstrado que o DHA exerce citotoxidade seletiva em alguns tipos tumorais porem os seus efeitos no adenocarcinoma pancreático ainda não estão completamente elucidados. Dessa forma, este estudo se propõe a analisar os efeitos dos ácidos palmítico e docosaexaenoico na modulação de parâmetros carcinogênicos de células de adenocarcinoma pancreático humano (MIA PaCa-2) in vitro. As células MIA PaCa-2 foram estimuladas com as concentrações 50 µM e 200 µM de PA, assim como 25 µM e 50 µM de DHA por diferentes períodos. Parâmetros carcinogênicos e de caracterização de morte: viabilidade, proliferação, biogênese de corpúsculos lipídicos, perfil de secreção de citocinas, geração de espécies reativas (ROS), bem como abundância mitocondrial. foram avaliados. Nossos resultados demonstram que o PA não é citotóxico para a célula MIA PaCa-2, mas modula a biogênese de corpúsculos lipídicos e o seu perfil de secreção de citocinas, podendo ser relevante para modulações do microambiente tumoral. Também demonstramos que o DHA induziu toxidade celular dependente da indução de espécies reativas, resultando na despolarização da mitocôndria, redução da capacidade proliferativa das células e apoptose. Este estudo destaca o potencial efeito antitumoral do ácido docosaexaenoico in vitro, reforçando sua importância para a saúde e seu potencial como molécula adjuvante no tratamento do câncer de pâncreas.