"Estratégias biotecnológicas para controle de mosca branca (Bemisia tabaci) e begomoviroses em tomateiro (Solanum lycopersicum)".
RNAi, Micro-Tom, Agrobacterium, siRNA, ATPase, Myzus persicae, Tuta absoluta, rep, begomovírus.
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma das principais hortaliças produzidas no Brasil e no mundo, apresentando grande importância econômica, social e alimentar. A mosca-branca (Bemisia tabaci) e os vírus por elas transmitidos, especialmente os begomovírus, estão entre os principais problemas fitossanitários que afetam a cultura. O controle químico é a prática mais utilizada no combate à mosca-branca, entretanto a manifestação de resistência aos inseticidas, evidencia a necessidade de estratégias mais eficazes de controle desse inseto-vetor e dos vírus por eles transmitidos. A estratégia de RNAi foi utilizada para a obtenção de plantas de tomateiro resistentes à mosca-branca e a múltiplas begomoviroses. Explantes cotiledonares da cv. Micro-Tom foram transformados via Agrobacterium tumefaciens EHA 105, contendo o plasmídeo de interesse. Foram utilizados dois plasmídeos possuindo o gene de seleção nptII: o pC2300ATPase, contendo um cassete de supressão para o silenciamento do gene vATPase de mosca-branca; e o pC2300-p4-gemini, contendo um cassete de supressão quimérico para expressar dsRNAs com homologia a sequências do gene rep de quatro importantes espécies de begomovírus associados ao tomateiro. Dos explantes transformados com o pC2300ATPase, foram obtidas 9 linhagens transgênicas, confirmadas por PCR pela detecção dos transgenes ΔATPase e nptII. Análise da progênie confirmou a presença dos transgenes na geração T1, co-segregando em proporção mendeliana 3:1. siRNAs correspondentes ao gene ΔATPase foram detectados através da análise de Northern blot. A expressão da proteína NPTII não foi detectada em todas as linhagens através do imunoensaio de fluxo lateral, não apresentando correlação direta com a expressão do transgene ΔATPase. Linhagens expressando siRNA foram desafiadas contra a mosca-branca e revelaram uma taxa de mortalidade de 57,1% na linhagem transgênica 4.4.1, enquanto no controle a mortalidade foi de 7,6%. A mortalidade das ninfas no 2º instar foi maior nas plantas transgênicas e o tempo de desenvolvimento das ninfas no 3º instar foi ligeiramente maior nas plantas transgênicas do que nas plantas do controle. Embora a atração dos insetos não tenha sido significativamente diferente entre os tratamentos, o número de ovos postos pelos insetos nas plantas transgênicas foi significativamente menor, em comparação com os controles. RT-qPCR revelou uma diminuição do nível de expressão do gene endógeno v-ATPase em moscas-brancas que se alimentaram de plantas transgênicas. Nenhum efeito inesperado foi observado sobre os insetos não-alvo Myzus persicae ou Tuta absoluta. Dos explantes transformados com o pC2300-p4-gemini, foram obtidas 2 plantas transgênicas, confirmadas por PCR, pela detecção do transgene Δp4Gemini. Análise da progênie confirmou a presença do inserto na geração T1, segregando em proporção mendeliana 3:1. As plantas da progênie foram desafiadas com o agente viral TMoLCV e algumas plantas positivas apresentaram fenótipo de resistência ao vírus, sem detecção do DNA viral após 30 dias da inoculação.