"Expressão da toxina Cry10Aa em Solanum lycopersicum para resistência à Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)."
Solanum lycopersicum, tomate, Micro-Tom, Agrobacterium, Traça-do-tomateiro, Tuta absoluta, Bacillus thuringiensis, Cry10Aa.
Mais de 90 gêneros integram a família Solanaceae com destaque para o gênero Solanum, considerado um dos grandes ramos desta família taxonômica com cerca de 2.000 espécies descritas, estas, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais do mundo. A ampla diversidade do gênero Solanum relaciona espécies com alto valor nutricional, biotecnológico, bem como medicinal, dentre estas, plantas modelos para a biotecnologia, amplamente utilizadas em estudos de caracterização genômica e/ou metabólica, como: a batata (Solanum tuberosum L.), berinjela (Solanum melongena), bem como o tomate (Solanum lycopersicum). O tomate, por sua vez, caracteriza-se por um fruto rico em vitaminas e minerais, além de outros importantes fitoquímicos, destacando-se como uma das cinco maiores culturas comerciais no mundo, bem como pelo seu valor biotecnológico, muito devido a sua linhagem Micro-Tom, considerada uma planta modelo caracterizada por um ciclo de vida otimizado, bem como pela sua estatura física reduzida, favorecendo a sua utilização em investidas de interesse biotecnológico. A suscetibilidade de cultivo do tomate nas mais diversas condições ambientais não anula os danos ocasionados por eventos de instabilidades ambientais, bem como pela ação contínua de predadores, processo que pode alcançar a marca de até 50% de perdas de produção total em países subdesenvolvidos, sendo que, dentre os principais agentes predatórios do tomate está a Traça-dotomateiro (Tuta absoluta), nativa da América do Sul e amplamente descrita como um predador generalizado em culturas diversas, porém, com um amplo alvo predatório em culturas de tomate. Nas últimas décadas, relatos frequentes de T. Absoluta tem sido observado em regiões antes não ocupadas por esta praga, como na Ásia, África, Europa e na América do Norte, sendo os danos predatórios ocasionados pela T. absolutaresponsáveis por cerca de 5% das perdas totais de tomate em todo o mundo. Por sua vez, devido aos desafios associados ao controle convencional da T. absoluta, processo que limita a sua expansão populacional em cenário mundial, as estratégias de manejo utilizadas, por vezes, se resumem no uso reiterado de agentes agroquímicos, ab rindo caminho para riscos ambientais e de saúde pública associados aos mesmos. Em contrapartida, estudos recentes de monitoramento populacional têm apontado para um aumento no surgimento de resistência pesticida em populações de T. absoluta frente aos princípios ativos comumente utilizados na agricultura, enfatizando a necessidade da busca por moleculas alternativas com segurança e eficácia. Neste sentido, dentre as principais biomoléculas de importância tecnológica descritas nas últimas décadas estão as chamadas protoxinas Bt, parte integrante do metabolismo secundário da bactéria Bacillus thuringiensis e detentoras de um vasto conteúdo literário acerca da sua toxicidade mediada pela dissolução da toxina em pH intestinal de formas larvais de insetos (pH 8.0). Dentre as famílias Bt amplamente estudadas estão as biomoleculas Cry, com alta toxicidade relatada contra dípteras, coleópteros, nematoides, bem como lepidópteros, sendo que estudos tem frequentemente evidenciado a sua capacidade citotóxica destas toxinas frente a T. absoluta, com ênfase para a α-endotoxina Cry10Aa, descrita na literatura com foco em sua toxicidade contra integrantes da família Lepidóptera, em especial, contra mariposas. Com base nestes dados e na importância econômica e cultural associadas ao manejo da T. absoluta, uma das principais pragas predatórias de tomate em expansão mundial, propomos aqui obtenção e validação de toxicidade de um tomate portador do transgene cry10Aa para o manejo da T. absoluta.