"Extratos de folhas de Lepidaploa aurea (Mart. ex DC.) H. Rob. (Asteraceae) como potencial bioherbicida contra gramíneas exóticas invasoras do Cerrado".
Bioherbicida, compostos fitotóxicos, Isolamento biodirigido, Lepidaploa aurea, pós-emergência
: Espécies exóticas invasoras são uma das maiores ameaças à biodiversidade e um grande desafio em áreas de restauração ecológica, dificultando a sucessão ecológica em áreas degradadas e o trabalho da restauração, devido alta taxa de rebrota e dispersão de sementes, assim como as plantas daninhas na agricultura. Para o controle das plantas daninhas e das espécies exóticas invasoras são comumente utilizados herbicidas, sendo o glifosato o mais utilizado, já apresentando resistência de alguns biótipos. A tendência ecológica e sustentável no manejo destas plantas tem direcionado os estudos de compostos naturais como herbicidas ambientalmente seguros, os “bioherbicidas”, compostos orgânicos produzidos por organismos vivos, dentre eles, compostos do grupo dos metabólitos secundários de plantas. Alguns destes compostos secundários são fitotóxicos, como os compostos alelopáticos. A espécie arbustiva Lepidaploa aurea (Mart. ex DC.) H. Rob. (Asteraceae), nativa do Cerrado tem sido muito utilizada em ações de restauração ecológica por ter bom estabelecimento e competir muito bem com as espécies exóticas invasoras, e já foi verificado seu potencial alelopático em estudos anteriores. Portanto o presente estudo tem como objetivo avaliar a fitotoxicidade e o potencial bioherbicida de extratos de folhas de L. aurea para o controle de gramíneas exóticas invasoras do Cerrado. Foi usado extrato aquoso de folhas de L. aurea. Para identificar o composto secundário ativo e avaliar a fitotoxicidade foi feito um isolamento biodirigido, com a separação por acetato de etila e fracionamento por SPE/CL18 com diferentes proporções de metanol:água, e bioensaios de coleóptilo de trigo estiolado nas concentrações de 800, 400 e 200 ppm, das frações obtidas no isolamento. Para avaliar a influência da frequência de aplicação do extrato e a associação do dano físico ao dano químico foram feitos bioensaios de pós-emergência nas gramíneas exóticas invasoras do Cerrado, Urochloa decumbens e Panicum maximum, com extrato aquoso de folhas de L. aurea a 20%, com uma e duas aplicações do extrato, e com e sem corte das gramíneas. No isolamento biodirigido foi obtido um sólido branco, solúvel em água. Através do bioensaio de coleóptilo verificou-se que o composto foi extraído com acetato de etila, com o resíduo aquoso perdendo a atividade inibitória, pois a fração do acetato de etila (Fac) teve mais efeito fitotóxico que a fração aquosa (Faq). Segundo seu fracionamento por diferença de polaridade em SPE/CL18, ele é mais polar, pois é solúvel em um gradiente de soluções de água:metanol variando desde 80% a 50% de água, onde F1 é a fração com mais atividade fitotóxica. Conclui-se então, que o extrato aquoso de folhas de L.aurea possui composto secundário fitotóxico com grande potencial bioherbicida. Este composto provavelmente é o sólido branco que foi isolado nesta purificação, o que ainda será testado por bioensaio de coleóptilo estiolado de trigo e pelo bioensaio de sementes padrão, além de estar sendo purificado em HPLC e seus dados espectroscópicos analisados. No bioensaio de pós-emergência não foi observado efeito fitotóxico do extrato de folhas de L. aurea a 20% em U. decumbens e P. maximum neste modelo de aplicação, com borrifação na parte aérea da planta, mas verificou-se que duas aplicações do herbicida glifosato teve mais efeito que uma aplicação em P. maximum, e a associação do dano físico (corte) teve mais efeito em U. decumbens, mostrando que não se pode generalizar a influência da frequência de aplicação e da associação de dano físico do herbicida para todas as espécies.