Filogenia de Fissidentaceae Schimp. (Bryophyta) do Brasil
Fissidens, rps4, trng, ilhas, sinonimização, espécie nova
Fissidentaceae Schimp. É uma das maiores famílias de briófitas e possui apenas um gênero, Fissidens que abrange cerca de 440 espécies. O primeiro sistema de classificação que tratou da família foi publicado por Müller, em 1901, na obra “Genera Muscorum Frondosorum” e abrange três gêneros, Fissidens Hedw. Conomitrium Mont. e Moenkemeyera Müll. Hal. Posteriormente, outras classificações foram realizadas, mas todas elas baseadas apenas em dados morfológicos e somente em 2018 foi publicado uma nova circunscrição para o gênero utilizado dados moleculares, no entanto, apenas com espécies oriundas do Japão. Sendo assim, este estudo teve como objetivo propor uma hipótese filogenética para a família Fissidentaceae baseada em dados moleculares e testar o monofiletismo dos subgêneros de Fissidens propostos por Pursell & BruggemanNannenga (2004) e Suzuki et al. (2018) tratados para o Brasil. Foram coletadas amostras frescas e selecionadas amostras de herbários para extração, amplificação e sequenciamento, e também incluiu-se amostras do GenBank. Foram sequenciadas as regiões plastidiais rps4 e trnG, obtendo posteriormente resultados de análises de Máxima Parcimônia, Máxima Verossimilhança e análise de Inferência Bayesiana. Obteve-se aproximadamente 150 novas sequências (de distintas regiões do DNA) para as espécies de Fissidentaceae ocorrentes no Brasil, incluindo as espécies do arquipélago Fernando de Noronha e Ilha da Trindade. Os estudos filogenéticos e a morfologia corroboram para a circunscrição de alguns dos subgêneros de Fissidens, evidenciando que os subgêneros propostos por Pursell & Bruggeman-Nannenga (2004) não são todos monofiléticos, pois o subgênero Octodiceras (Brid). Broth. mencionado pelos autores se misturam ao subgênero Fissidens. Contudo, para o Brasil são reconhecidos três clados bem suportados: Pachyfissidens (Müll Hal.) Kindb., Fissidens e Aloma Kindb. Também foi estudado as espécies de Fissidentaceae do arquipélago Fernando de Noronha e Ilha da Trindade comparando com as do continente, mostrando que as espécies das ilhas são geneticamente e morfologicamente semelhante as amostras do continente, com exceção de duas espécies que anteriormente, estavam identificadas erroneamente como F. crispus Mont. (Fernando de Noronha) e F. zollingeri Mont. (Ilha da Trindande) permitindo dessa maneira a descrição de duas novas espécies F. noronhensis Teixeira, Bordin & M. Carv.- Silva e F. trindadensis respectivamente. Para o Arquipélago Fernando de Noronha também foi registrado uma nova ocorrência, F. steerei Grout. Esses estudos moleculares com as espécies brasileiras também permitiram uma nova sinonimização para F. acacioides Schrad.