Triagem de microalgas baseada na técnica de metabolite footprint para a biorremediação de vinhaça de cana
Vinhaça de cana-de-açúcar, Microalgas, Biorremediação, Metabolite footprint, Tratamento de resíduos.
A vinhaça de cana-de-açúcar é um dos principais efluentes produzidos nas destilarias de etanol com cerca de 300 bilhões de litros produzidos anualmente no Brasil. Embora altamente poluente, sua diversidade de compostos orgânicos e nutrientes a torna uma matéria-prima potencial para uso em biorrefinarias, com o objetivo de simultaneamente remediar esse efluente e produzir biomassa algal de alto valor agregado. Neste estudo, dez linhagens de microalgas da Coleção de Microrganismos e Microalgas Aplicadas à Agroenergia e Biorrefinarias (CMMAABio), localizada na Embrapa Agroenergia (DF, Brasil), foram avaliadas quanto à sua capacidade de crescer em vinhaça e consumir seus componentes orgânicos e inorgânicos, resultando em sua correção. Análises de metabolite footprint foram realizadas nos meios a base de vinhaça usando HPLC de troca iônica e GC-MS no dia 0 e após 6 dias de cultivo. Essas técnicas foram capazes de detectar e quantificar, respectivamente, o teor de oito íons (lactato, acetato, cloreto, nitrato, malato, sulfato, fosfato e citrato), além de 41 compostos, incluindo uma série de ácidos orgânicos, álcoois, ácidos graxos ácidos e açúcares simples. Após a correção do pH, todas as cepas foram capazes de crescer em vinhaça. As análises de composição indicaram consumo significativo de monossacarídeos pela maioria das cepas, bem como redução do teor de fosfato em quatro das dez cepas. Esses dados, juntamente com a curva de crescimento de cada microalga, apontam para a seleção das linhagens de microalgas Embrapa|LBA6, Embrapa|LBA32, Embrapa|LBA39 e Embrapa|LBA40 para futuros testes em fotobiorreatores automatizados, utilizando vinhaça de cana como meio de cultivo.