"JANTAR À LUZ DE POSTES: MORCEGOS URBANOS PREFEREM FORRAGEAR EM ÁREAS ILUMINADAS?".
morcegos, Chiroptera, molossídeos, luz artificial à noite, urbanização, insetos
A luz artificial à noite (ALAN) é um estressor antropogênico, responsável por causar alterações no comportamento de morcegos. Grande parte dos estudos sobre os efeitos de ALAN em quirópteros, concentra-se em regiões temperadas, o que limita a compreensão global dos impactos da iluminação artificial noturna sobre morcegos, ocultando respostas possivelmente distintas entre os hemisférios. Devido a isso, investiguei se, e quais, famílias de morcegos insetívoros presentes no Cerrado brasileiro vivem em área urbana, apresentando aversão ou preferência em forragear em áreas com ALAN, em resposta as maiores abundâncias de insetos nos postes. Para isso, estabeleci 10 sítios amostrais em uma metrópole, cada um com um par de pontos amostrais, sendo um poste com lâmpada HPS e uma área escura. Em cada sítio, registrei a ecolocalização dos morcegos por 12 horas e identifiquei a abundância dos insetos coletados em armadilhas. Os resultados indicam que apenas espécies da família Molossidae apresentaram maior número de passes e feeding buzzes em ALAN, com a abundância de insetos sendo significativa para o número de passes, mas não para o feeding buzz. Acredito que a falta de resposta do forrageamento, com os insetos, pode estar relacionada a seleção alimentar, sazonalidade e à redução no tempo de busca por presas em ALAN. No contexto deste estudo, morcegos molossídeos, ao contrário dos vespertilionídeos e emballonurídeos, parecem estar pré-adaptados a tolerar e utilizar ALAN de forma oportunística. Esses resultados, demonstram como ALAN afeta de formas distintas, o comportamento de morcegos insetívoros urbanos, no neotrópico.