"A comunicação química da cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott) com sua planta hospedeira, coespecíficos e heteroespecíficos."
ecologia química, interação inseto-planta, voláteis de planta induzidos por herbivoria e oviposição, feromônio sexual, Spodoptera frugiperda.
A comunicação química é peça fundamental para as interações ecológicas entre insetos. Através de compostos químicos, insetos encontram recursos alimentares, parceiros sexuais, refúgio, percebem perigos iminentes, competidores e mutualistas. A cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott) é um inseto sugador de floema, especialista na planta de milho Zea mays L. Nos últimos anos, tem recebido destaque como praga do cultivo, em virtude da transmissão de fitopatógenos. Alternativas para o controle deste inseto têm sido investigadas, portanto, explorar a comunicação química da cigarrinha pode fornecer embasamento para métodos de controle da praga. Nesse sentido, o objetivo central desta dissertação foi avaliar a ecologia química de D. maidis em três aspectos que foram organizados em três capítulos da dissertação: capítulo: 1 - como a planta de milho responde a diferentes intensidades de injúria do inseto; capítulo 2 - a cigarrinha consegue perceber a presença de um provável competidor, a lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (JE Smith), através da percepção de voláteis induzidos por herbivoria do milho (VPIHs) e, capítulo 3 - D. maidis utiliza feromônios sexuais na sua comunicação. Para isso, coletou-se e analisou voláteis de plantas de milho sadias, infestadas com D. maidis ou S. frugiperda e voláteis de machos e fêmeas de D. maidis. Bioensaios de olfatometria, assim como de seleção de planta-hospedeira também foram conduzidos. A planta de milho libera VPIHs quando submetida a injúria da cigarrinha-do-milho, sendo influenciada pela densidade, duração da injúria e estágio da planta. Há mais emissão de voláteis em estágios mais sensíveis e quando o estresse é maior, sugerindo que a planta maximiza sua defesa. Os resultados dos estudos comportamentais em olfatometria mostraram que as fêmeas de D. maidis, lagartas e fêmeas adultas de S. frugiperda conseguem perceber e distinguir os VPIHs do milho atacado por D. maidis, evitando este odor em comparação ao odor de plantas de milho sadias . As mariposas também evitam as plantas com D. maidis em bioensaios de seleção de plantahospedeira. A planta de milho quando atacada por S. frugiperda emite VPIHs distintos tanto qualitativamente como quantitativamente, comparado às plantas sadias e plantas com injúria da cigarrinha. As fêmeas de D. maidis também evitam esses voláteis, preferindo a mistura volátil de plantas sadias. Já as lagartas de S. frugiperda são atraídas pelos VPIHs de milho induzidos por coespecíficos. Em bioensaios de oviposição, as fêmeas de D. maidis preferiram colocar os ovos em plantas não herbivoradas pelas lagartas-do-cartucho. Os bioensaios comportamentais com D. maidis mostraram que as fêmeas preferem o odor de machos, mas machos não preferem o odor das fêmeas, indicando que os machos podem produzir moléculas voláteis específicas com função atrativa para as fêmeas. No entanto, as análises químicas dos voláteis de machos e fêmeas de D. maidis não mostraram a presença de compostos específicos a nenhum dos sexos. Os resultados obtidos indicam como a comunicação química é importante para D. maidis, que consegue discriminar diferentes pistas químicas. Essas pistas são utilizadas pelo inseto na seleção de planta-hospedeira, oviposição, percepção de plantas com competidores e atração dos sexos. Portanto, esses dados podem ser explorados a fim de verificar compostoschave, que funcionem como atraentes ou repelentes desta praga para técnicas de monitoramento e controle.