Resposta do caracol gigante africano (Lissachatina fulica, Bowdich 1822) à variação climática global, regional, local e de recursos
Achatina fulica, história de vida, nicho climático realizado, disponibilidade de recursos, morfometria geométrica.
As populações não nativas de uma espécie invasora devem afrontar obstáculos durante seu transporte, introdução, estabelecimento e dispersão. O clima e a disponibilidade de recursos representam alguns destes obstáculos. A resposta de populações não nativas ao clima vai depender do nicho climático realizado da espécie. Com relação à disponibilidade de recursos, a resposta vai depender de como reagem os atributos de história de vida dos organismos ante variações em recursos. O caracol gigante africano (Lissachatina fulica, Bowdich 1822) é um molusco nativo do leste africano e classificado como invasor. Populações não nativas de L. fulica ocorrem ao longo da região tropical do mundo e são reconhecidas por sua ampla tolerância climática e associação com o homem. O objetivo desta tese é avaliar a resposta do caracol gigante africano (L. fulica) à variação climática global, regional, local e de recursos. No primeiro capitulo, mediante revisão sistemática da literatura, são identificados os atributos que definem o potencial invasor de L. fulica e as características dos locais onde ocorre. No segundo capitulo, mediante modelagem de distribuição potencial, se avalia a expansão do nicho climático realizado de L. fulica em função de sua dispersão pelo mundo. No terceiro capitulo, mediante analise multivariada de ordenação, se avalia a densidade populacional de L. fulica sob diferentes condições climáticas e de intervenção antrópica na região Neotropical. No quarto capítulo, mediante trabalho de campo, se avalia como a população não nativa de L. fulica localizada no Distrito Federal Brasileiro (DF) responde a pequenas variações no clima e na presença ou ausencia de recursos. No quinto capítulo, mediante a avaliação morfométrica do crescimento de L. fulica no laboratório, se propõe um novo método para a identificação de indivíduos hermafroditas. A revisão sistemática realizada mostrou um conhecimento fragmentado sobre os atributos de L. fulica e quase nulo sobre os locais onde ocorre. A modelagem de distribuição potencial mostrou que o nicho climático realizado de L. fulica se ampliou desde sua dispersão a partir da África, em parte por sua trajetória ao longo de diferentes regiões biogeográficas. A analise multivariada de ordenação mostrou que a densidade populacional de L. fulica no neotropico responde ante combinações especificas de temperatura e precipitação, mas não de intervenção antrópica. O trabalho de campo com a população de L. fulica do DF mostrou que as porcentagens de indivíduos mortos e de indivíduos com ovos respondem à temperatura máxima e umidade relativa mínima. Com relação aos recursos, os resultados obtidos em campo mostram que a densidade populacional responde à presença de solo e a porcentagem de hermafroditas responde à porcentagem de área construída. A avaliação morfométrica da concha de L. fulica apontou um intervalo de comprimento onde provavelmente acontece a transição para hermafroditas e sugere dois índices morfológicos que visam identificar indivíduos que já passaram por essa transição. Estes resultados geram subsídios para o desenvolvimento de multiplas linhas de geração de conhecimento sobre as populações não nativas de L. fulica, e possivelmente para otimizar estratégias de manejo.