PPG ECL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DEPTO ECOLOGIA Telefone/Ramal: Não informado https://www.unb.br/pos-graduacao

Banca de DEFESA: Ariane de Almeida Rodrigues

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Ariane de Almeida Rodrigues
DATA : 07/12/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Aud. 2 IB/UnB
TÍTULO:

"Mudanças de uso do solo no cerrado: impactos nos ecossistemas e caminhos futuros sob a perspectiva do nexus água, energia e alimentos".


PALAVRAS-CHAVES:

desmatamento, conservação, serviços ecossistêmicos, Código Florestal, restauração, savana, expansão da soja, clima regional, mudança no uso da terra


PÁGINAS: 115
RESUMO:

O Cerrado é a savana mais biodiversa do planeta, todavia, 50% de sua cobertura original foi desmatada até 2022, para abrir espaço para plantações e pasto. Espera-se que essa rápida transição influencie o clima regional e o balanço hídrico, com implicações para a geração de energia, produção de alimentos, subsistência e conservação da biodiversidade. A demanda pelas principais commodities possivelmente aumentará nos próximos anos, intensificando a pressão pela conversão de áreas de vegetação nativa para fazendas comerciais orientadas à exportação. A expansão agrícola sobre áreas que já estão desmatadas para pastagem tem sido indicada como uma oportunidade de reconciliar produção e conservação. Ainda assim, o desmatamento do Cerrado está avançando em ritmo acelerado, em taxas que se ampliaram nos últimos três anos. Nosso objetivo é entender a interação entre agricultura, clima e ciclos hídricos no Cerrado, enfocando em impactos acumulados, cenários futuros e oportunidades para se ampliar a produção orientada para commodities sem ampliação do desmatamento. O capítulo 1 apresenta o quadro teórico que justifica e contextualiza essa pesquisa. Nós pesquisamos o conceito de nexus, sua origem, aplicação para o entendimento de impactos causados por seres humanos nos ecossistemas e desenvolvimentos atuais. Posteriormente nós discutimos como o Cerrado é um estudo de caso emblemático da complexidade da dinâmica de mudanças do uso da terra e da cobertura vegetal, o que requer uma análise de nexus integrada. No capítulo 2, nós pesquisamos como as transições de uso da terra (LUT) acumuladas afetam o clima regional e o ciclo da água no Cerrado, por meio de mudanças na evapotranspiração (ET) média anual e temperatura média de superfície (LST), bem como implicações de opções de uso da terra futuros. Nós realizamos análises de regressão para quantificar os efeitos de seis LUTs comuns sobre ET e LST sobre todo o gradiente de paisagens do Cerrado de 2006 a 2019. Resultados indicam que o desmatamento de florestas para plantações e pasto aumentaram LST média em 0,9 e 0,6 graus celsius, respectivamente. Por outro lado, transições de vegetação campestre para pastagem ampliaram ET média anual em 15%. Até a presente data, mudanças na terra causaram uma redução de 10% na reciclagem anual de água para a atmosfera e aumento de 0,9 graus celsius em LST média pelo bioma, comparado à linha de base histórica da vegetação nativa (anterior à ocupação humana de grande escala). Mudanças climáticas globais de gases atmosféricos de efeito estufa concentrados vão apenas exacerbar esses efeitos. Considerando cenários futuros potenciais, nós vimos que a ausência de controle do desmatamento ou a permissão para a continuidade do desmatamento legal (pelo menos 28,4 Mha) reduziria ainda mais ET anual (em -9% e -3%, respectivamente) e aumentaria LST média (em +0,7 e +0,3 graus celsius, respectivamente) até 2050. Em contraste, regulamentações encorajando desmatamento zero e restauração de 5,2 Mha de áreas desmatadas ilegalmente parcialmente reduziria os impactos de aquecimento e ressecamento de mudanças do uso da terra. No capítulo 3, nós investigamos o potencial para a expansão agrícola sem novos desmatamentos no Cerrado, avaliando as dinâmicas espaciais e temporais da transição do uso da terra nos últimos 35 anos (1985-2021). Nós realizamos análises de correlação entre quatro tipos de transição de uso da terra no Cerrado: (a) expansão de pasto sobre vegetação nativa, (b) conversão direta de vegetação nativa para plantação, (c) expansão de plantação sobre pasto, e (d) abandono de pastos. Nós calculamos, ainda, a área restante com alta possibilidade de plantações sobre pastos e sobre vegetação nativa e padrões espaço-temporais de expansão de plantações sobre pastos. Entre 1985 e 2021, a expansão de pastos sobre a vegetação nativa foi a transição de uso da terra prevalente (18,8 Mha), seguido de abandono de pastos (8,9 Mha). Ainda que o desmatamento para pastos tenha diminuído, ele ainda é a principal transição de uso da terra, levando à perda de 414.000 ha por ano-1 de vegetação nativa entre 2011 e 2020. A expansão do pasto sobre a vegetação nativa e o abandono do pasto são negativamente correlacionados (ρ = -0,38), enquanto a expansão de plantações sobre o pasto é positivamente correlacionada à expansão de plantação sobre a vegetação nativa (ρ = 0,48). A conversão direta de vegetação nativa a plantação aumentou nas últimas três décadas, somando 113.000 ha por ano-1 principalmente na região do Matopiba. A promoção da intensificação do pasto poderia liberar terra para expansão de plantação sem desmatamento. Há 18 Mha de pasto com moderado a alto potencial para plantação, sobretudo nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Dos atuais 27 Mha de plantação no Cerrado, 27% foram estabelecidos nos últimos dez anos e 28% (7.5 Mha) sobre pastos. Uma área considerável de plantações (2 Mha) substituiu pastos criados recentemente (<7 anos), sugerindo que pastos podem ser um uso da terra intermediário, antes da venda ou do aluguel para plantações. Há 20 Mha de áreas de vegetação nativa com moderado a alto potencial para plantação. O fim do desmatamento do Cerrado vai requerer uma combinação de políticas de conservação e incentivos à expansão de plantações sobre pastos. Observando os impactos associados com a expansão de plantações e pastos sobre a vegetação nativa do Cerrado e as oportunidades para a reversão desse processo, enquanto se aumenta a produtividade da agricultura, nossos resultados podem apoiar a pavimentar novos caminhos para o desenvolvimento do Cerrado, com alimento, energia e água seguras.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ALEXANDRE DE CARVALHO KOBERLE - ULisboa
Externo à Instituição - EDSON EYJI SANO - EMBRAPA
Presidente - 1122706 - MERCEDES MARIA DA CUNHA BUSTAMANTE
Interno - 2285186 - MURILO SVERSUT DIAS
Interno - 1334398 - RICARDO BOMFIM MACHADO
Notícia cadastrada em: 06/12/2023 17:02
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