"Aplicação Comportamental do Sistema de Codificação de Ação Facial em macacos-prego (Sapajus sp.) cativos."
Expressão facial; Comportamento facial; Musculatura facial; Comunicação; Primatas; FACS.
As expressões faciais, principal meio de comunicação não-verbal entre os primatas, ocorre devido à presença de uma complexa musculatura mimética que apresenta um padrão comportamental e estrutural altamente preservado. O Sistema de Codificação de Ação Facial (FACS, sigla em inglês) é um sistema de codificação padronizado e objet vo que tem sido utilizado em humanos e primatas não-humanos, para identificação e descrição detalhada dos movimentos faciais baseados nessa musculatura. Esses movimentos são descritos como Unidades de ação (Action Units – AU, sigla em inglês) e correspondem à forma como a contração ou relaxamento de músculos individuais altera a superfície facial correspondente. A adaptação do FACS para uso em distintas espécies tem permitido a realização de comparações interespecíficas dos músculos faciais e suas AUs, principalmente em representantes da parvordem Catarrhini. Embora os macacos-prego (Sapajus sp.) apresentem um elaborado repertório de expressões faciais semelhante aos reportados para representantes de primatas do Velho Mundo, pouco se conhece sobre a musculatura mimética desses animais. No presente estudo, buscamos mapear os músculos faciais e a variedade de movimentos faciais dos macacos- prego de acordo com a metodologia FACS, a fim de estabelecer um contexto comparativo e filogenético entre as espécies de primatas não humanos até então investigadas. Incialmente, três espécimes de macacos-prego tiveram sua região facial dissecada, para permitir a identificação dos músculos faciais presentes na espécie. Em um segundo momento, as AUs serão identificadas utilizando registros fotográficos e de vídeos da movimentação facial dos animais em diferentes contextos (e.g. alimentação, catação, brincadeiras, interações com humanos etc.), a fim de associar o repertório de expressões faciais com as respectivas musculaturas associadas. Resultados preliminares indicaram a presença de aproximadamente 20 músculos verificados pela análise anatômica ou mediante relatos na literatura. Aspectos relacionados à origem e à inserção dos músculos não se encontravam claramente delimitados nos espécimes analisados, o que impossibilitou a realização de comparações com outras espécies, nesse momento. Quando superadas essas limitações, as estruturas identificadas permitirão entender características taxonômicas específicas dos macacos-prego. Dessa forma, será possível supor hipóteses, baseadas em características socioecológicas e comportamentais desses animais, para buscar compreender quais aspectos adaptativos foram cruciais para o processo evolutivo do comportamento facial na ordem dos Primatas.