Banca de DEFESA: Luciana Maia Escher dos Santos

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Luciana Maia Escher dos Santos
DATA : 31/03/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Meio virtual
TÍTULO:

Ancestralidade genética em populações miscigenadas: desafios, aplicações e um olhar sobre a história da formação do Distrito Federal


PALAVRAS-CHAVES:

Populações miscigenadas; Inferência de ancestralidade genética; SNP de alta densidade; Painéis de marcadores informativos de ancestralidade; Sequência Completa do Genoma; Reconstrução Histórica; Distrito Federal.


PÁGINAS: 151
RESUMO:

O Brasil é o país mais populoso da América Latina e o sétimo no ranking mundial sendo sua população resultante de um longo processo de miscigenação com contribuições dos povos originários nativos americanos e de povos europeus, africanos, asiáticos e do Oriente Médio. O perfil de miscigenação da população brasileira está sendo construído ao longo dos últimos cinco séculos, a partir de uma complexa combinação de grupos parentais raramente vista em outras partes do mundo. Um importante papel para auxiliar a desvendar a história das populações e seu processo de formação tem sido exercido pelos estudos genéticos. Ao longo das últimas décadas, a genética de populações tem passado por grandes transformações tecnológicas e metodológicas, as quais têm possibilitado o acesso preciso e em larga escala de variáveis genéticas cada vez mais informativas. No primeiro capítulo desta tese nosso grupo trabalhou na comparação da inferência de ancestralidade genética a partir de diferentes conjuntos de marcadores genéticos: Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIMs), array de alta densidade de SNPs (high density SNPs - HDSNPs) e Sequenciamento do Genoma Completo (Whole Genome Sequencing - WGS). Também testamos, diferentes modelos de miscigenação: o tri-híbrido (africano, europeu e nativo americano) e modelo de mistura tetra-híbrida (africano, europeu, nativo americano e leste asiático). Para tanto, analisamos 1.171 amostras miscigenadas do Brasil e 504 amostras miscigenadas provenientes de populações da América do Projeto 1000 Genomas, ambos genotipados por WGS, com as quais comparamos: (i) 5 painéis AIMS (34AISNP+PIMA; 55AISNP ; 128AISNP; 170AISNP; 446AISNP), (ii); um array de alta densidade de SNPs (Axiom Human Origins - Thermo Fisher Scientific) e (iii) dados de sequenciamento de genoma completo (WGS), os quais foram selecionados por suportarem os modelos tri e tetra-híbridos de miscigenação. Mostramos que tanto a escolha do conjunto de marcadores como do modelo de miscigenação interferem nas inferências de ancestralidade em populações miscigenadas. A menor correlação entre os conjuntos de marcadores e modelos testados foi do componente ancestral Nativo Americano inferido. As melhores performances, em especial na capacidade de distinção entre os componentes Nativo Americano e Leste Asiático foram dos dados de HDSNPs e WGS. Por fim, concluímos e recomendamos que a escolha do conjunto de marcadores e do modelo de miscigenação dependerá da história de cada população miscigenada e do propósito do estudo. No segundo capítulo da tese, caracterizamos o perfil de ancestralidade genética de uma amostra populacional miscigenada brasileira do Distrito Federal. Com base nas informações geradas no capítulo 1, escolhemos realizar a genotipagem dessa amostra com HDSNPs (Axiom Human Origins - Thermo Fisher Scientific) e inferir a ancestralidade genética a partir de um modelo de miscigenação tetrahíbrido. O Distrito Federal (DF) é uma região situada no Centro Oeste do Brasil, receptora de um fluxo rápido, amplo e diversificado de indivíduos de toda parte do território nacional a partir da década de 60, quando da construção da capital federal. Para ajudar a reconstruir a história dessa população, realizamos análises do perfil de ancestralidade genética e coletamos informações demográficas numa amostra de 104 indivíduos, nascidos no DF na década de 80. Nosso estudo revelou: (i) com base na inferência de ancestralidade genética dos cromossomos autossômicos as proporções médias observadas foram de 69,95% (±18%) de ancestralidade europeia, 19,8%(±14,4%) africana, 8,57% (±7,2%) nativo americana e 1,68%(±8,6%) leste asiática; essas proporções não apresentam diferenças significativas em relação a média da população brasileira. (ii) As análises dos cromossomos sexuais (X, Y) e do DNA mitocondrial mostraram assinaturas do fenômeno demográfico de acasalamento direcional, com predomínio da contribuição de homens de ascendência europeia e de mulheres com ascendência africana e nativa americana. (iii) As análises demográficas indicam que os ancestrais dos participantes do estudo migraram principalmente das regiões Sudeste (43,64%) e Nordeste (38,22%), seguida pelas regiões Centro-Oeste (9,39%), Norte (5,52%) e Sul (1,65%); sendo 51,2% dos matrimônios ocorrendo entre indivíduos da mesma região geográfica. Nosso estudo mostra que o perfil de ancestralidade genética observado no DF é uma síntese das contribuições migratórias internas recentes do Brasil e de processos históricos anteriores a essa migração que deixaram fortes assinaturas genéticas no DNA e foram herdadas pela população do DF.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - Celso Teixeira Mendes Junior - USP
Externo à Instituição - Claudio Carlos da Silva - PUC-GO
Externo à Instituição - Renan Barbosa Lemes - USP
Interno - 1671881 - RENATO CAPARROZ
Presidente - 1153038 - SILVIENE FABIANA DE OLIVEIRA
Notícia cadastrada em: 13/03/2023 09:43
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