Redes Sociais como Política de Escala para a Representação Política de Mulheres Negras na Câmara Legislativa do DF em 2022
representação política, mulheres negras, espaços políticos, geografia eleitoral, redes sociais.
O objetivo desta pesquisa é analisar o impacto das redes sociais virtuais na distribuição espacial das campanhas eleitorais e dos votos de mulheres negras socioeconomicamente desfavorecidas que concorreram às eleições para a Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2022. A hipótese da pesquisa considera que as redes sociais podem servir como política de escala, alterando a dinâmica das campanhas eleitorais no território e impactando a espacialização dos votos. Para tanto, no primeiro momento, foi necessária uma pesquisa exploratória sobre candidaturas no Distrito Federal, que, embasada na discussão teórica, tivessem menor chance de alcançar sucesso eleitoral. Em seguida, a literatura deu suporte para debater o conceito de representação política de grupos minoritários, que atrelado a uma perspectiva geográfica, apontou as razões, desafios e escalas do fenômeno da sub-representação de mulheres negras e pobres. Em seguida, as redes sociais foram apresentadas como ferramenta de inato potencial de ampliação de escala de ação política que podem implicar em novos arranjos dos processos eleitorais. Dados primários foram produzidos a partir de entrevistas semiestruturadas aplicadas às candidatas analisadas e survey (com perguntas do tipo menu suspenso, múltipla escolha e escala Likert) aplicado à amostra da população do DF e respondido por 904 pessoas; dados secundários foram levantados a partir dos votos destas candidatas por zona eleitoral e de netnografia aplicada às redes sociais das participantes. Os dados produzidos foram analisados através de software Inteligência Artificial aplicada às entrevistas; mapeamento dos votos com base na categorização proposta na base teórica; gráficos dos resultados de survey produzidos pelo mesmo software de aplicação; além de tabulação de conteúdo e indicativos das redes sociais das participantes, que serviram como triangulação metodológica. Os resultados confrontaram a teoria, pois não mostraram neste caso haver, necessariamente, forte correlação entre o uso de rede social e o número de votos, mas apontaram para um favorecimento quando utilizadas outras modalidades e instrumentos de campanha eleitoral. O presente estudo contribui para complexificar o impacto das redes sociais nas disputas eleitorais, especialmente para o grupo escolhido como recorte de análise. Com isso, a pesquisa reforça a importância de se pensar políticas públicas e demais estratégias de mitigação de desigualdades para, assim, dirimir os desafios deste grupo para angariar capitais sociais e políticos e, enfim, oportunizá-las verdadeiro acesso aos espaços políticos institucionais.