Navegando em Águas Revoltas: Políticas Contenciosas dos Movimentos Socioespaciais e Socioterritoriais no Brasil
Água; Movimentos socioespaciais; Movimentos socioterritoriais; Políticas contenciosas; Territorialidades insurgentes.
O presente trabalho parte da premissa de que os conflitos em torno da água no Brasil constituem disputas complexas, de natureza multidimensional, envolvendo interesses econômicos, políticos, culturais e simbólicos. A pesquisa busca compreender como os movimentos socioespaciais e socioterritoriais estruturam estratégias de resistência frente à mercantilização e à governança neoliberal dos recursos hídricos, analisando de que forma tais práticas contribuem para a reconfiguração dos territórios e das relações de poder. O referencial teórico ancora-se no materialismo histórico-geográfico, com base nas contribuições de autores como Henri Lefebvre, David Harvey, Milton Santos e Edward Soja. A investigação adota uma abordagem metodológica mista, com ênfase qualitativa, articulando dados da Rede DATALUTA, entrevistas, aplicação de questionários, observações de campo e análise documental. A racionalidade espaço-temporal das ações coletivas é examinada a partir da noção de políticas contenciosas, possibilitando a identificação de territórios insurgentes e de formas emergentes de resistência à lógica neoliberal da água. O relatório está organizado em dois momentos. A primeira parte apresenta as atividades realizadas pelo doutorando, como disciplinas cursadas, participações em eventos, projetos de pesquisa, estágios docentes e demais ações que atendem às exigências formais do processo de qualificação. A segunda parte expõe a estrutura da pesquisa em desenvolvimento, abordando seu lastro teórico-conceitual, procedimentos metodológicos, escopo analítico e análises preliminares já realizadas. Nesse cenário, a pesquisa propõe uma contribuição teórico-metodológica à geografia das águas ao articular fundamentos marxistas e experiências concretas de luta territorial. Ao integrar teoria e prática na análise das contenciosidades hídricas contemporâneas, o estudo evidencia o protagonismo dos movimentos socioespaciais e socioterritoriais como sujeitos políticos ativos na disputa pelo direito à água. Nesse contexto, tais movimentos não apenas resistem à lógica neoliberal que orienta a governança dos recursos hídricos, mas também constroem territorialidades insurgentes, capazes de reconfigurar práticas, narrativas e relações de poder nos espaços em que atuam.