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Banca de DEFESA: Fiorella Macchiavello Ferradas

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Fiorella Macchiavello Ferradas
DATA : 11/07/2025
HORA: 14:30
LOCAL: plataforma Teams
TÍTULO:

 

Logística, Território e Desigualdade: A Reconfiguração do Ceará pelas Redes Globais de Produção no Porto do Pecém


PALAVRAS-CHAVES:

Infraestruturas logísticas, Redes Globais de Produção,Porto do Pecém, Porto de Roterdã, hidrogênio,transição energética.


PÁGINAS: 178
RESUMO:

Esta tese analisa as transformações espaciais provocadas por infraestruturas logísticas em redes globais de valor, com foco no Porto do Pecém, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza. A pesquisa investiga como a internacionalização do Porto, especialmente após sua aquisição parcial pelo Porto de Roterdã em 2018, vem reorganizando a divisão territorial do trabalho no Ceará. Utilizando uma abordagem multiescalar, entende os portos como nós logísticos de redes globais de valor. Desde sua inauguração em 2002, o Porto do Pecém resulta de parcerias entre o Governo do Ceará e conglomerados privados internacionais. Sua transformação ganhou novo fôlego com a entrada do Porto de Roterdã, que passou a deter 30% da autoridade portuária e 100% da ZPE. Esta relação revela um modelo inédito de cooperação entre entes públicos nacionais e estrangeiros no Brasil, e reflete a crescente transnacionalização do setor portuário. Inicialmente voltado à exportação de frutas e calçados, o porto passou a movimentar majoritariamente aço a partir de 2016. Esses produtos refletem diferentes configurações produtivas e laborais: o agronegócio com trabalho precário e sazonal; a indústria calçadista, intensiva em mão de obra feminina e de baixos salários; e a siderurgia, capital-intensiva, com melhores remunerações. A instalação do porto implicou grandes obras de infraestrutura, deslocamento de comunidades, e mudanças territoriais, como a ampliação da Região Metropolitana de Fortaleza para incluir São Gonçalo do Amarante (SGA), sede do porto. Entretanto, persistem desigualdades urbanas e conflitos socioambientais nas áreas vizinhas, com escassez de água, desmatamento e ausência de serviços públicos básicos. Recentemente, destaca-se a implantação de um hub de hidrogênio verde (H₂V) na ZPE do Pecém, com apoio do Governo do Ceará e alinhamento às diretrizes da União Europeia. O hidrogênio será exportado para a Europa, especialmente França e Alemanha, por meio de um corredor logístico marítimo Pecém–Roterdã. No entanto o H2V envolve uso intensivo de água, eletricidade, terras e futuramente ocêanos, além de riscos ambientais associados ao armazenamento e transporte em forma de amônia. Grandes armadores globais, como Maersk, MSC, CMA CGM e Cosco, exercem papel central ao moldar fluxos comerciais e políticas portuárias por meio da verticalização de seus serviços. O Porto de Roterdã, além do Pecém, participa de projetos similares em diversos continentes. No caso brasileiro, marcos regulatórios recentes flexibilizaram normas e ampliaram a atuação do capital privado no setor, beneficiando projetos como o do Pecém. Além do hidrogênio, o porto atrai investimentos em energia fóssil. Em 2024, a Shell firmou um memorando para escoamento, armazenamento e comercialização de petróleo bruto no Pecém, ampliando a dualidade da transição energética e revelando contradições entre discursos sustentáveis e práticas extrativistas. Assim, a tese conclui que, embora o Porto do Pecém impulsione a economia cearense, também perpetua desigualdades socioespaciais e aprofunda a relações assimetricas nas redes globais de valor.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - GLAUCIANA ALVES TELES - UVA
Externo à Instituição - EDILSON ALVES PEREIRA JUNIOR - UECE
Presidente - 2216434 - JUSCELINO EUDAMIDAS BEZERRA
Interno - 404952 - NEIO LUCIO DE OLIVEIRA CAMPOS
Notícia cadastrada em: 31/05/2025 11:42
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