LACAN ENTRE LÍNGUAS, E A AMÉFRICA LADINA: Pistas do movimento da tradução dos seminários no Brasil
TRADUÇÃO E PSICANÁLISE; JACQUES LACAN; SEMINÁRIOS; TERRITÓRIO; AMÉFRICA LADINA; CARTOGRAFIA
Tendo como pano de fundo a interlocução entre tradução e psicanálise, o presente trabalho buscou lançar conjecturas sobre o movimento lacaniano no Brasil a partir de uma análise crítica de O Seminário, o que já nos coloca no terreno do traduzir. A premissa inicial se baseou na pergunta sobre quais seriam os desdobramentos de uma obra, cujo processo de publicação passou oralidade para um estabelecimento e depois um deslocamento. Quais seriam as implicações e efeitos silenciosos desses movimentos na teoria lacaniana em solo brasileiro? Procurou-se pensar o ensino de Jacques Lacan praticando as encruzilhadas a partir de suas traduções. Usando princípios tangentes ao pensamento cartográfico deleuze-guattariano, o trabalho performou os movimentos da pesquisa na escrita, subjetivando o objeto de estudo. Assim, a dissertação ficou dividida em quatro momentos: no primeiro, abre um diálogo entre tradução e psicanálise a fim de resgatar conceitos psicanalíticos na tradutologia bermaniana e com isso propor que a tradução possui o aparato filosófico e epistemológico para produzir críticas positivas, além de pensar outros setores do conhecimento de maneira extraterritorial; no segundo, traz uma contextualização de Jacques Lacan, sua obra e algumas problemáticas que perpassam o tema; no terceiro, trabalha o território do entre, articulando tanto a tradução como a psicanálise como campos que tem como característica mais fundamental a capacidade de conexão com diferentes esferas do saber, além disso problematiza as estruturas binárias e relações de poder coloniais; no quarto, apresenta-se o relato do processo de pesquisa abordando também uma guinada que conduziu o mote inicial a novos rumos, desembocando nas contribuições de Lélia Gonzalez para a psicanálise.