Análise comparativa de cinco traduções para o inglês de O alienista por J. M. Machado de Assis: A (in)visibilidade do tradutor na tradução de alusões machadianas com ironia contrapontística
Estudos Descritivos da Tradução. Machado de Assis. O alienista. Alusões. Ironia contrapontística.
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), um dos nomes mais importantes da cultura brasileira, com mais de 200 contos escritos, é considerado mestre-contista. Até hoje o clássico Machado de Assis não perdeu sua atualidade, pelo contrário, a cada década, as suas obras atemporais, ganham mais reconhecimento no Brasil e internacionalmente, principalmente, através da tradução de suas obras. Para esta dissertação foi escolhido o conto machadiano O alienista (1882) com o objetivo de realizar uma análise descritiva comparativa de cinco traduções para o inglês e seu cotejo com o texto de partida, focando na tradução de alusões machadianas com ironia contrapontística (Bakhtin, 2010; Cherlin, 2017; Hutcheon, 1995), abordando a questão da (in)visibilidade do tradutor (Venuti, 2004) e definindo a estratégia tradutória predominante (Venuti, 2004; Toury, 2012). O corpus é composto pela versão do conto O alienista disponível no Domínio Público e as seguintes traduções: The Psychiatrist (T1) em The Psychiatrist and Other Stories (1963), traduzido por William Grossman e publicado pela editora University of California Press (EUA); The Alienist (T2) em The Alienist and Other Stories of 19th Century Brazil (2013), traduzido por John Charles Chasteen e publicado pela Hackett Publishing (EUA); The Psychiatrist (T3) em Stories (2014), traduzido por Rhett McNeil e publicado pela Dalkey Archive Press (EUA); The Alienist (T4) em The Collected Stories of Machado de Assis (2018), traduzido por Margaret Jull Costa e Robin Patterson e publicado pela Liveright Publishing Corporation (EUA); The Alienist (T5) em The Looking Glass: Essential Stories (2022), traduzido por Daniel Hahn e publicado pela Pushkin Press na Inglaterra. Este estudo descritivo de caso está fundamentado pela teoria dos polissistemas de Even-Zohar (1990, 2010), pelo conceito de (in)visibilidade do tradutor de Venuti (2004) e pelo modelo de Holmes (2004), ampliado por Toury (2012). A análise comparativa se baseia no esquema teórico de Lambert e Van Gorp (1985) com suporte teórico de outros autores como Leppihalme (1997), Lefevere (2007), Aubert (1998), Molina e Hurtado Albir (2002), entre outros. Os resultados indicam que as traduções analisadas seguem três direções principais: 1) domesticação (aceitabilidade), com invisibilidade média a alta (T1 e T2); 2) equilíbrio entre domesticação e estrangeirização (aceitabilidade/adequação), com visibilidade baixa do tradutor (T3); 3) estrangeirização (adequação), com visibilidade média a alta (T4 e T5).