A Língua da Metamorfose: uso dos morfemas de “passado e futuro nominal” em
narrativas
tempo, aspecto e modo; passado e futuro nominal; Tupinambá, Apyãwa e Nheengatu.
Em geral, as categorias de tempo, aspecto e modo (TAM) estão ligadas a verbos, tendo em vista
que verbos se movimentam com maior facilidade e frequência no tempo, além de expressarem
informações acerca da duração, da conclusão e da atitude do falante em relação ao evento
descrito (cf. Givón, 2001; Comrie, 1976). Contudo, tem-se observado que algumas línguas – a
exemplo do Guarani Paraguaio, língua da família Tupi-Guarani (TG) – apresentam
características das categorias de tempo e aspecto atreladas a sintagmas nominais (cf., por
exemplo Nordlinger & Sadler (1998) e (2004); Barron (1998); Tonhauser (2002) e (2007)).
Assim como o Guarani Paraguaio, outras línguas da família TG também possuem formas ora
chamadas de tempo, ora chamadas de aspecto atreladas a sintagmas nominais, representadas
por cognatos de pwér ‘passado’ e rám ‘futuro’. Nesse sentido, esta pesquisa selecionou três
línguas da família TG, o Tupinambá, o Apyãwa e o Nheengatu, para ampliar a discussão acerca
dos referidos “passado” e “futuro” nominal, a fim de discutir se essas formas seriam de fato um
tempo nominal ou se elas teriam uma característica mais aproximada ao aspecto. Como material
de análise, para o Tupinambá, foi selecionada uma série de narrativas produzidas no período
colonial por padres jesuítas; para o Apyãwa e para o Nheengatu, foram utilizadas narrativas
míticas colhidas em trabalhos de campo por Praça (2007) e por Cruz (2011), respectivamente.
Assim sendo, este estudo aborda e discute dados em narrativas, isto é, em uso real nas línguas,
o que será o diferencial na análise proposta, já que outras pesquisas realizadas no mesmo sentido
somente trabalharam com dados elicitados.