Título português: Discurso e relações de gênero no eixo pedagógico “Projeto de Vida” do Novo Ensino Médio: um estudo colaborativo-dialógico
Discurso, multiletramentos, gênero social, interseccionalidade
Considerando o processo de reforma da etapa do Ensino médio da educação básica instituído pela Lei 13415/2017 e pela Base Nacional Comum Curricular/2018, o objetivo desta tese é investigar interações e seus gêneros discursivos; representações e identificações de gênero social e interseccionalidades nas práticas escolares e de ensinoaprendizagem desenvolvidas no processo de implementação do eixo pedagógico Projeto de Vida no Novo ensino médio. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa etnográficocolaborativa (Denzin; Lincoln, 2006; Magalhães; Martins; Rezende, 2017) no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa com foco em práticas didático-pedagógicas discursivas com multiletramentos críticos (Rojo, 2012;2014). Partimos do entendimento de que as práticas discursivas podem contribuir para a problematização de questões relacionadas a poder e justiça social e, portanto, o debate sobre gênero, raça, classe e interseccionalidades no contexto escolar em práticas de multiletramentos críticos e têm potencial para problematizar possíveis relações sociais e de poder assimétricas tanto no que diz respeito ao tema social quanto ao que toca ao processo de reforma Ensino médio. Nessa perspectiva, este estudo tem como base a abordagem teórico-metodológica dos Estudos Críticos do Discurso (Fairclough, 2003; Chouliaraki; Fairclough, 1999; Gomes, 2020; Vieira, 2019; 2022; Resende, 2019) articulados à abordagem dos multiletramentos (Rojo, 2009, 2012, 2014; Kalantzis; Cope; Pinheiro, 2020), aos pressupostos da semiótica social (Kress; Leeuwen, 2006; Leeuwen, 2022) e a práxis feminista de estudos sociais e do discurso (Lugones, 2014, 2018; Lazar, 2020). A pesquisa etnográfico-colaborativa contemplará trabalho de campo e estudo da rede de textos que constituem as dinâmicas da ordem discursiva político-educacional e escolar, por isso o corpus será composto por dados de natureza documental, como os documentos oficiais iniciais Lei 13415/17 e BNCC/2018, e dados de natureza etnográfica como as notas de participação colaborativa (Desgagné, 2007; Ibiapina, 2008), entrevistas semiestruturadas com docentes, coleta de textos que circulam nas práticas pesquisadas, textos autorais produzidos por estudantes nas práticas de multiletramentos construídas colaborativamente, e outros materiais pertinentes que se fizerem necessários. A análise discursiva consistirá, portanto, de análise social e de análise textual com base na crítica explanatória (Fairclough, 2003; Chouliaraki; Fairclough, 1999) e nos pressupostos da semiótica social (Kress; Leeuwen, 2006; Leeuwen, 2022) para o estudo de uso de imagens, sons e outros artefatos semióticos e formas performáticas para investigar os efeitos constitutivos desses textos nas formas de interação, de representação e de identificação político-identitária nas práticas escolares (Vieira, 2019; 2022), relacionando aspectos semióticos a mecanismos simbólicos de poder.