Análise fosfoproteômica de células Aag-2 de Aedes aegypti infectadas com os alfavírus MAYV e CHIKV
células de Aedes aegypti, fosforilação, MAYV, CHIKV, espectrometria de massas
Mayarovirus (MAYV) e Chikungunya virus (CHIKV) são dois arbovírus artritogênicos pertencentes ao gênero Alphavirus. O MAYV é endêmico da América do Sul e, apesar de já ter causado epidemias no Brasil, é um vírus negligenciado. Por outro lado, o CHIKV teve um grande aumento da sua área de alcance na última década, tendo sido responsável por epidemias em diversos continentes. O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor transmissor do CHIKV e também tem a capacidade de transmitir o MAYV. O combate às arboviroses focando apenas na erradicação do vetor mosquito tem se mostrado ineficaz a longo prazo, apesar dos esforços intensivos. A necessidade de desenvolvimento de estratégias alternativas levou a um aumento expressivo na quantidade de estudos focado na interação vírus-vetor. Embora esses arbovírus causem doenças no seu hospedeiro vertebrado, o vetor invertebrado não sofre danos significativos, portanto, a interação arbovírus-vetor possui características únicas que precisam ser compreendidas a nível molecular para o desenvolvimento de ferramentas com o potencial de reduzir a transmissão vetorial de arbovírus. Neste sentido, o presente estudo visa realizar uma análise fosfoproteômica de células Aag-2 de Ae. aegypti infectadas com MAYV e CHIKV. A fosforilação de proteínas está relacionada à regulação espaço-temporal de diversos processos essenciais ao funcionamento dos organismos. Como os vírus sequestram a maquinaria celular do hospedeiro, espera-se encontrar uma modulação diferencial no padrão de fosforilação nas células infectadas em função dos tempos de coleta e multiplicidade de infecção (MOI) utilizados. Devido à escassez de estudos fosfoproteômicos relacionados a esse vetor, inicialmente foi realizada uma predição exploratória in silico de fosfoproteínas de Ae. aegypti por homologia com organismos modelo eucarióticos. As 435 proteínas resultantes foram enriquecidas para processos como autofagia e via de sinalização MAPK. A seguir, a cinética de crescimento desses vírus em células Aag-2 nos auxiliou a definir os MOIs para MAYV (MOI 10) e para CHIKV (MOI 1) e os tempos de coleta (t = 0 h, 2 h, 4 h, 8 h, 12 h) que serão utilizados para os ensaios de fosfoproteômica e Western Blot. A fim de avaliar o tampão de lise mais apropriado para os ensaios propostos, foi realizado um teste com diferentes tampões de lise (RIPA, cloreto de guanidina 6 M, ureia 8 M e RapiGest SF), com ou sem ciclos de sonicação. Após o teste, o tampão contendo ureia 8 M, independentemente da sonicação, apresentou a melhor recuperação de proteínas observadas por SDS-PAGE e por quantificação colorimétrica realizada por Qubit® (Thermo Fisher Scientific), sendo assim o tampão escolhido. As etapas futuras envolvem testes com anticorpos anti-fosfosítios de serina, treonina e tirosina, preparo das amostras em quadruplicatas biológicas, enriquecimento de fosfopeptídeos, análise por espectrometria de massas shotgunlabel-free e bioinformática. Além disso, ensaios de Western Blot e outros que se fizerem necessários para a validação dos resultados obtidos serão ponderados.