Análise da resposta imunológica em melanoma murino após quimioterapia combinatória
Melanoma; Tregs; MDSC; Ciclofosfamida e 5- Fluorouracil
O câncer é uma doença genética resultante do acúmulo de mutações nas células, levando à instabilidade genética. A maioria dos casos não é atribuída à herança genética, mas sim à influência do ambiente e do estilo de vida. O câncer de pele, especialmente o melanoma, é um dos tipos mais comuns, sendo influenciado pela exposição à radiação ultravioleta (UV) e fatores genéticos. O melanoma surge dos melanócitos, células produtoras de melanina, e sua detecção precoce é crucial para reduzir a mortalidade. O tratamento inclui remoção cirúrgica, mas a eficácia de terapias sistêmicas é limitada, com alta toxicidade e resistência a fármacos. O microambiente tumoral, composto por várias células e componentes, desempenha um papel crucial na progressão do melanoma e na resposta imune. O sistema imune desempenha um papel complexo no melanoma, mas as células tumorais desenvolvem estratégias para escapar da detecção e destruição imune. A imunoterapia com anti-PD-1 e anti-CTLA-4 mostraram uma maior eficácia, mas muitos pacientes não respondem ou desenvolvem resistência. As células T reguladoras (Tregs) e as células supressoras derivadas de mieloides (MDSCs) no microambiente tumoral contribuem para a supressão da resposta imune. A ciclofosfamida (CY), em doses baixas, tem sido estudada devido à sua capacidade de reduzir as Tregs, mas também pode aumentar as MDSCs. Outro agente, o 5-fluorouracil (5-FU), demonstrou reduzir especificamente as MDSCs, sugerindo uma possível abordagem combinada para modular a resposta imune no tratamento do melanoma. A estratégia do trabalho foi o de usar doses baixas de fármacos, onde buscou-se a redução das células regulatórias do sistema imune. Os animais tratados com os fármacos receberam 4 doses com o espaçamento de 3 dias entre as doses, buscando assim uma resposta mais eficaz contra o melanoma a partir da ativação do sistema imune. Essa abordagem visa melhorar os resultados do tratamento, reduzindo as taxas de recorrência e minimizando efeitos adversos. O estudo mostrou que os conjuntos submetidos à combinação de fármacos apresentaram uma taxa de crescimento tumoral significativamente inferior em comparação com os não submetidos ao tratamento. Mesmo após a interrupção do tratamento, a redução no crescimento tumoral persistiu por um período prolongado, indicando uma possível influência no sistema imunológico. A análise de sobrevida também indicou maior sobrevivência nos grupos tratados. Tumores dos grupos tratados eram menores, reforçando a eficácia do tratamento na redução do crescimento tumoral. Os animais tratados apresentaram uma redução de peso com o tratamento, no entanto, houve rápida recuperação de peso após a interrupção do tratamento quimioterápico. Investigamos os efeitos do tratamento em baixas doses de quimioterápicos (5-FU e CY) no sistema imunológico. A análise incluiu a quantificação da interleucina 1 beta (IL-1β), interleucina 18 (IL-18), e interleucina 10 (IL-10). Houve um aumento temporário de IL-1β durante o tratamento, indicando possível ativação das células TH1 e TH17. A expressão de IL-18 também foi observada, assim como, os níveis de IL-10 que se mantiveram elevados, indicando possível regulação imunológica. Também, foi analisada a população de células TCD4+ e CD11b+, observou-se um aumento das células TCD4+ células no baço, sugerindo ativação imunológica. A população de células CD11b+ nos linfonodos apresentou redução no final do tratamento. O sequenciamento de mRNA foi utilizado para avaliar a expressão gênica nas células tumorais e das células do microambiente tumoral. A análise do mRNA do tumor busca compreender a influência do tratamento no perfil pró ou anti-inflamatório do microambiente tumoral. O estudo destaca a eficácia do tratamento em baixas doses na redução do crescimento tumoral e sugere possíveis mecanismos imunológicos envolvidos.