Anticorpos, Neutralização, ZIKV, SARS-CoV-2, Phage Display, Repertório, Células B.
Infecções por flavivirus e por SARS-CoV-2 são um grande problema de saúde pública e são associadas a diferentes complicações. A possibilidade de novos surtos epidemiológicos impõe a necessidade de desenvolver novas estratégias de terapia que sejam específicas e seguras. Entre as propostas de tratamento, destaca-se a imunoterapia com anticorpos monoclonais que são moléculas de alta afinidade e especificidade que já possuem grande relevância no campo de tratamento de diferentes doenças. Nesse contexto, este presente trabalho objetivou-se o desenvolvimento de novos anticorpos monoclonais com potencial neutralizante para a infecção pelo vírus Zika e pelo SARS-CoV-2. Para isso, foram adotadas duas estratégias, uma envolvendo o estudo da resposta imune humoral para contextos de imunizações virais e outra envolvendo a seleção de anticorpos específicos por Phage Display. Inicialmente, foi validada uma metodologia de expansão de células B in vitro com estímulos de IL-2, R848 e antígeno específico para a recuperação e expansão de respostas de imunoglobulinas específicas com a finalidade de estudar os repertórios de anticorpos por meio de sequenciamento profundo, para identificar clones de anticorpos que são ativados em contextos virais e que podem apresentar potencial neutralizante. Posteriomente, nós aplicamos essa metodologia para estudar as dinâmicas das respostas de anticorpos após a imunização com a vacina CoronaVac para entender como essa vacina modula o sistema imune e para identificar clones de células B naive e de memória que podem estar ligados a resposta neutralizante para SARS-CoV-2. Nós encontramos que a CoronaVac altera o repertório de células B, principamente para respostas de IGHV4-39 e IGHV4-59 de IgG e IgA, e expande clones de anticorpos que são convergentes entre diferentes indivíduos e entre banco de dados de anticorpos neutraliantes anti-SARSCoV-2. Além da identificação de potenciais anticorpos neutralizantes pela análise da repertório imune, anticorpos específicos ao loop de fusão de flavivirus, um antígeno necessário para o processo de infecção e altamente conservado entre os flavivirus, foram isolados pela tecnologia de Phage display. Nós mostramos que esses anticorpos são capazes de ligar a diferentes flavivirus e conseguem neutralizar a infecção pelo ZIKV em teste de redução de placa. Nós demonstramos também que um desse anticorpos, denominado de AZ1p, pode proteger células neurais humanas e camundongos suscetíveis dos efeitos da infecção pelo ZIKV, reduzindo a replicação viral, os efeitos citopáticos, o processo inflamatório e os danos histopatológicos. Dessa forma, esses anticorpos constituem importantes produtos biotecnológicos e podem vir a ser potenciais terapias específicas para a infecção por ZIKV, e por outros flavivirus com testes futuros de neutralização. Nós também isolamos, por Phage Display, novos anticorpos monoclonais específicos ao peptídeo de fusão, que é altamente conservado nas diferentes subvariantes de SARS-CoV-2. Esses anticorpos, juntamente com os anticorpos identificados na análise de repertório imune após a vacinação, serão posteriomente testados quanto à capacidade de neutralização da COVID-19. Em resumo, este trabalho fornece relevantes estratégias para o desenvolvimento de imunoterapias antivirais e contribui para o entendimento das respostas de anticorpos antivirais. Além de resultar em potenciais imunofármacos contra a infecção pelo ZIKV.