Modulação da resposta antioxidante e na função mitocondrial de células Aag-2 de Aedes aegypti infectadas pelo arbovírus Mayaro
Arbovírus, vírus Mayaro, Aedes, Aag-2, estresse oxidativo, sistema antioxidante, infecção persistente.
O vírus Mayaro (MAYV) é um arbovírus de RNA de fita simples, sentido positivo, pertencente à família Togaviridae e ao gênero Alphavirus, potencialmente transmitido por mosquitos do gênero Aedes. Em células humanas, a infecção resulta em alterações letais, culminando na liberação de partículas virais e morte celular. Por outro lado, células de mosquitos, como a linhagem Aag-2 derivada de A. aegypti, toleram a infecção, sendo amplamente usadas para investigar a replicação viral nesse vetor. A infecção por MAYV em Aag-2 parece provocar desbalanço oxidativo e alterações mitocondriais, conforme análises proteômicas prévias. Assim, o presente estudo investigou o status oxidativo e o papel do sistema antioxidante na tolerância à infecção por MAYV. Células Aag-2 foram infectadas com MAYV (M.O.I. 5) e analisadas em 0, 24, 48 e 72 horas pós-infecção (h p.i.). Foram quantificados os níveis de espécies reativas de oxigênio (EROs), a atividade de enzimas antioxidantes como superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), e marcadores de dano oxidativo, como lipoperoxidação e oxidação da glutationa (GSH). A função mitocondrial também foi analisada por respirometria de alta resolução, utilizando inibidores da cadeia transportadora de elétrons e desacopladores. Os resultados mostraram um aumento de 4,5 vezes na produção de EROs em 48 h p.i. em relação ao controle, seguido por leve redução em 72 h p.i., ainda superior aos níveis de controle. Além disso, observou-se uma tendência de aumento na atividade de catalase (CAT) em 24 e 48 h p.i., com leve aumento significativo em 72 h p.i. Supreendentemente, a atividade de superóxido dismutase (SOD) diminuiu em 4 vezes a 48 e 72 h p.i. Houve redução na concentração de GSH apenas a 72 h p.i. em comparação a 48 h p.i., e tendência à lipoperoxidação. Importante, a infecção afetou o consumo de oxigênio mitocondrial após 72 h p.i., com redução em todos os estados da respiração mitocondrial. Os dados sugerem que o MAYV modula a resposta antioxidante de maneira complexa nas células do vetor. Embora haja aumento na produção de EROs, a ativação do sistema antioxidante enzimático é limitada, indicando que outras vias, além das enzimáticas, podem estar envolvidas na regulação dos níveis de EROs, como evidenciado pela alteração nos níveis de GSH. Esse mecanismo parece ser essencial para a persistência da infecção e a manutenção da viabilidade celular, o que pode ser explicado pela redução no consumo de oxigênio mitocondrial em estágios tardios da infecção.