A FINA TESSITURA DA SEDA: DIÁLOGOS SOBRE UMA SOCIOEDUCAÇÃO FEMINISTA
Socioeducação; Feminismo; Práticas dialógicas crítico-educativas
Elaborar metodologias de atendimento socioeducativo embasadas no feminismo crítico interseccional implica investigar discursos e estigmas fundamentados no heteropatriarcado-racista e que vêm se materializando, ao logo da história, sob diferentes expressões de violação de direitos contra meninas e mulheres que transgridem a lei. Com o intuito de contribuir para os estudos sobre socioeducação, este estudo visa investigar, a partir de reflexões elaboradas em contexto de oficina pedagógica com adolescentes em cumprimento de medida privativa de liberdade, práticas educativas que contribuam para o desenvolvimento de uma proposta de socioeducação feminista. Para isso convidamos as e os adolescentes em processo socioeducativo a dialogar sobre as formas interligadas de opressão que constituem o sistema heteropatriarcal-racista. Entendemos que essas formas de opressão, entranhadas nas relações sociais cotidianas, atravessam os muros das entidades privativas de liberdade e se fazem presentes nas práticas institucionais. Nesse sentido, propomos esta pesquisa-intervenção de base qualitativa, que privilegiará o desenvolvimento de oficinas pedagógicas para a construção das informações da pesquisa. As oficinas serão realizadas com adolescentes acauteladas/os em unidades socioeducativas no Distrito Federal. Como aporte teórico-epistemológico que nos ajude a pensar e intervir no contexto socioeducativo, propomos um diálogo entre os estudos de Paulo Freire e os estudos feministas de perspectiva interseccional. A pedagogia friereana nos inspira a construir ações socioeducativas que preconizam as práticas dialógicas críticoeducativas; por sua vez, os estudos feministas de perspectiva interseccional nos ajudam a compreender a origem e o funcionamento dos sistemas interligados de opressão e nos orientam na construção de meios para combater esses sistemas, que neste estudo chamaremos de heteropatriarcado-racista. A teoria Histórico-Cultural de Vigotski constitui a nossa base teórica para analisar o desenvolvimento humano mediado pelas interações simbólicas sociais, históricas e culturais.