Banca de DEFESA: POLLIANA TEIXEIRA DA SILVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : POLLIANA TEIXEIRA DA SILVA
DATA : 07/07/2023
HORA: 09:00
LOCAL: teams + Auditório 02 do Instituto de Ciências Biológicas - IB
TÍTULO:

Deus é uma mulher preta?: as representações sociais construídas acerca do envelhecimento de mulheres negras do Distrito Federal


PALAVRAS-CHAVES:

envelhecimento; mulheres negras; representações sociais; interseccionalidade


PÁGINAS: 130
RESUMO:

Estudar a população idosa, negra e feminina implica na necessidade de compreender suas vivências, partindo do conhecimento de que a experiência de envelhecer não é universal, uma vez que as pessoas ocupam diferentes espaços no mundo a partir da cultura, história e contextos de um país ou região. Em um país tão marcado pela desigualdade e opressões estruturais, desenvolvimento humano e aspectos sociais não podem ser analisados separadamente. A Teoria das Representações Sociais funciona como uma importante ferramenta da investigação dos significados que as mulheres atribuem à essa conjugação entre gênero, raça e geração. O objetivo da presente dissertação é investigar as representações sociais construídas por idosas negras, residentes do Distrito Federal, acerca do próprio processo de envelhecimento. Esse estudo faz uso de metodologia mista, dialogando com métodos quantitativos e qualitativos. É uma pesquisa transversal e, também, um trabalho de perspectiva exploratória. Foram entrevistadas 31 mulheres negras residentes do Distrito Federal, com idades variadas a partir dos 60 anos, buscando compreender as representações sociais que essas mulheres construíram acerca de seus respectivos processos de envelhecimento enquanto mulheres, negras e idosas. Para fins de análise dos dados coletados, foi utilizado o software IRaMuTeQ, que oferece um conjunto de ferramentas descritivas de análise do corpus textual. A média de idade das participantes foi de 68,8 anos, e as entrevistas duraram, em média, 35 minutos. Dentre as entrevistadas, 90,3% da amostra não está em um relacionamento amoroso atualmente, e aproximadamente metade das mulheres entrevistadas não chegou ao Ensino Superior. Além disso, a maioria das participantes vive nas Regiões Administrativas do Distrito Federal, e não na região central, Brasília. Foram construídas três análises através do software: o Dendograma de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), a Análise Fatorial das Correspondências e a Nuvem de Palavras. O Dendograma dividiu os discursos em três grandes classes: a classe 1 (Vivências Intrapessoais), a classe 2 (Memórias e Projeções) e a classe 3 (Tornar-se Negra). As classes 1 e 3 são subclasses da classe 2. A Análise Fatorial das Correspondências evidenciou o caráter fortemente independente das três classes estáveis, e a Nuvem de Palavras destacou que, embora as perguntas da entrevista semiestruturada tenham sido sobre envelhecimento e negritude, as palavras referentes ao envelhecimento e suas derivações aparecem em posições mais periféricas; já os termos sobre negritude, mais ao centro. A partir das entrevistas, destaca-se que as representações sociais das participantes referentes ao envelhecimento e negritude foram construídas e expostas através das histórias que elas contavam sobre sua juventude, seu momento atual e suas expectativas sobre a realidade futura. Também foi perceptível a negação como elemento recorrente nos discursos. A palavra “não” ocupou o centro da Nuvem de Palavras, e a análise advindas do IRaMuTeQ indicam que, ainda que as mulheres neguem a experiência pessoal do racismo (classe 1; Vivências Intrapessoais), elas reconhecem que há uma diferença na organização social entre pessoas brancas e negras (classe 3; Tornar-se Negra). Muitas mulheres entrevistadas elencaram as dificuldades físicas e o preconceito como principais elementos da velhice enquanto etapa de vida. Isto é, as representações sociais que elas têm sobre esse período são retratadas pela ideia de incapacidade, desuso e preconceito. Já no que tange às experiências raciais, a maior parte das entrevistadas negou que a negritude tenha sido um fator desafiador em suas vidas, mas, conforme a entrevista acontece, elas se contradizem e relatam ter vivido situações violentas atreladas às suas identidades raciais, categorizando-as como “bullying” e, talvez, distanciando-se da dor provocada pelo racismo. Percebe-se, então, que parte das representações sociais construídas pelas participantes sobre seus respectivos processos de envelhecimento enquanto mulheres negras foi perpassada pela negação – seja em tom de conformismo e impossibilidades, no que tange ao envelhecimento; seja no sentido de se afastar de eventuais prejuízos, dentro dos aspectos raciais. Sendo assim, fica evidente que a investigação do fenômeno do envelhecimento não deve ser pautada na busca pela universalidade, mas sim no esforço de entender as nuances de cada realidade, especialmente em um país tão diverso e continental como o Brasil. Com base nos achados dessa pesquisa, sugere-se a elaboração de novos estudos que considerem o envelhecimento interseccional, entendendo as múltiplas realidades e contextos que podem impactar na maneira como as pessoas chegam à velhice.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - DEUSIVÂNIA VIEIRA DA SILVA FALCÃO - USP
Interna - 2279490 - FABRICIA TEIXEIRA BORGES
Presidente - 3137020 - ISABELLE PATRICIA FREITAS SOARES CHARIGLIONE
Interna - 1848716 - MARISTELA ROSSATO MARTINS
Notícia cadastrada em: 22/06/2023 14:47
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