"DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE CANOCARREADORES LIPÍDICOS NANOESTRUTURADOS CARREGADOS COM CURCUMINA E ǪUERCETINA PARA APLICAÇÃO TÓPICA"
Curcumina, Quercetina, Carreador Lipídico Nanoestruturado, Tucumã, Bacaba.
A demanda por moléculas naturais, como a curcumina e a quercetina, tem crescido devido às suas propriedades farmacológicas, incluindo ação antioxidante, anti-inflamatória e anticancerígenas. No entanto, a insolubilidade destes compostos hidrofóbicos limita a sua biodisponibilidade, gerando um gargalo a ser resolvido pela indústria biotecnológica, que busca a incorporação desses agentes no desenvolvimento de produtos aquosos e tópicos que sejam mais eficazes comercialmente. Nesse contexto, o desenvolvimento e a caracterização de carreadores lipídicos nanoestruturados (CLNs) surge como uma alternativa para a encapsulação de curcumina e quercetina, com foco em aplicações cosméticas e nutracêuticas. O objetivo desse trabalho foi desenvolver e caracterizar uma nanoformulação pelo método de inversão de fases (PIT) com a capacidade de solubilizar e carrear compostos bioativos hidrofóbicos, visando aplicações em cosméticos e nutracêuticos. A metodologia incluiu o preparo de formulações otimizadas variando parâmetros como proporção lipídeo:tensoativo, quantidade de água e temperatura. Essas formulações foram caracterizadas por análises físico-químicas, utilizando espalhamento dinâmico de luz (DLS), características organolépticas, estabilidade ao longo de 365 dias em diferentes condições de temperatura, microscopia eletrônica de transmissão (MET), análise de rastreamento de nanopartículas (ARN), FTIR, análises térmicas, ação antioxidante por DPPH, toxicidade com embriões de peixe-zebra e ensaios de viabilidade celular. Os resultados mostraram que as formulações otimizadas apresentaram partículas com tamanhos médios inferiores a 100 nm, PDI homogêneo (≤0,2) e potencial Zeta negativo, indicando alta estabilidade coloidal. As análises espectroscópicas confirmaram a integridade química dos compostos após a encapsulação, enquanto os ensaios organolépticos evidenciaram formulações translúcidas e homogêneas. Em relação à estabilidade, as formulações demonstraram manutenção das propriedades físico-químicas por até um ano, sem separação de fases ou sedimentação. A atividade antioxidante das nanopartículas foi superior à das formas livres de curcumina e quercetina, destacando o aumento da biodisponibilidade e a proteção dos compostos pela nanoencapsulação. Ensaios de toxicidade com embriões de peixe-zebra e células HaCaT e NIH/3T3 confirmaram a segurança das formulações para uso em produtos cosméticos e farmacêuticos. Conclui-se que os CLNs desenvolvidos representam uma solução eficaz e sustentável para a solubilização e liberação controlada de compostos bioativos hidrofóbicos. A pesquisa destaca o potencial dessas nanoestruturas em valorizar recursos naturais da biodiversidade brasileira, como o Cerrado e a Amazônia, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e ambientalmente responsáveis para as indústrias cosmética e nutracêutica.