AS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E SUA REDE DE RELACIONAMENTO: UM ESTUDO SOBRE OS PRESOS CUSTODIADOS NA PENITENCIÁRIA FEDERAL EM BRASÍLIA
Redes de Relacionamento; Organizações Criminosas; Sistema Prisional; Análise de Redes Sociais; Administração Pública.
No sistema penitenciário brasileiro observa-se a expansão das organizações criminosas no interior dos presídios, bem como a dificuldade de conseguir controlar o crescimento e o surgimento de novas organizações. Esse fato pode derivar-se da formação e desenvolvimento de redes de relacionamentos entres presos, notadamente, no contexto prisional. Assim, o presente estudo tem como objetivo compreender as redes de relações sociais dos presos na Penitenciária Federal em Brasília. Para isso, foram mapeadas as redes de relacionamento dos 29 presos por meio dos dados secundários registrados no sistema administrativo da penitenciária Federal, cujo mapeamento possibilitou descrevê-las por meio do método de análise de redes sociais (ARS), utilizando os softwares R e i2. Ademais, para avaliar a percepção dos servidores sobre a estrutura penitenciária e a interação dos presos foi utilizado um questionário, no qual o conteúdo texto foi tratado por meio do método de análise de conteúdo e com o uso do software Iramuteq. Então, os principais resultados evidenciam a incidência de seis clusters, sendo que dois deles são monopolizados pelos presos. Além disso, verifica-se que poucos presos possuem maior centralidade de grau e intermediação, fato que os colocam em um posicionamento estratégico na rede, porém, os tornam mais vulneráveis para serem detectados pelos órgãos de segurança. As contribuições metodológicas estão na estrutura de coleta e tratamento de dados deste estudo, que podem ser replicadas em cárceres de outras regiões e as teóricas contribuem para colmatar a lacuna nos estudos empíricos que tratam da estrutura de rede prisional, impactando na compreensão das relações sociais de presidiários e na tomada de decisão de gestores públicos. Finalmente, as contribuições desta pesquisa para a gestão atingem a definição de fatores que podem ter implicações no desenvolvimento de práticas na administração de penitenciárias, nas práticas de interações dos presos e no desenho de políticas e estratégias institucionais para presídios nas esferas federal e estadual