Um certo pé de Laranja Lima que fala por todo o canto: efeitos de dialogismo em textos dissertativoargumentativos sob a perspectiva dos estudantes
Estudantes. Ensino Médio; Ensino; Produção de Textos; Dialogismo; ENEM; Linguagem
Não está me ouvindo? Árvore fala por todo canto. Pelas folhas, pelos galhos, pelas raízes. Quer ver? Concordando com as palavras enunciadas por Minguinho, o jovem pé de laranja lima tagarela da obra “O Meu de Laranja Lima, apresento a síntese desta pesquisa: o ensino da produção de textos no Ensino Médio sob a perspectiva dialógica de linguagem de Bakhtin. O uso competente do texto escrito tornou-se condição indispensável para a plena participação do jovem cidadão no mundo contemporâneo. No Brasil, a produção de textos dissertativo- argumentativos tem comumente sido usada como requisito para o ingresso dos jovens tanto no nível superior quanto no mercado de trabalho. Nesse cenário, destacamos o baixo desempenho dos jovens concluintes da educação básica na redação do Exame Nacional do Ensino Médio. O quadro revela a necessidade de repensarmos as práticas de ensino e aprendizagem de escrita nas escolas. Esta é uma investigação de natureza qualitativa, do tipo pesquisa-ação, fundamentada na abordagem dialógica de linguagem de Bakhtin. O estudo tem como objetivo geral investigar os efeitos de dialogismo na produção de textos dissertativoargumentativa de estudantes de Ensino Médio, sob a perspectiva dos próprios discentes. Para a geração de informações, foram desenvolvidas oficinas de produção de texto dissertativo-argumentativos com 19 estudantes da 3ª série do Ensino Médio de uma escola pública do Guará, região administrativa do Distrito Federal. As informações colhidas nos revelaram que o ensino da produção de texto é muito mais do que a repetição de um modelo preestabelecido ou o mero cumprimento de uma tarefa escolar. Escrever é enunciar, é expressar-se com e para o outro, formando um processo ininterrupto de comunicação discursiva. A visão de linguagem como produto sóciohistórico nos traz a necessidade de desenvolvimento de ações pedagógicas que concebam a escrita como um processo interativo, no qual o sujeito, ao produzir um enunciado, faz uso de uma linguagem social, dialogicamente constituída nas relações que estabelece com o outro.