Análise da dinâmica e estratégias das Redes Sociotécnicas Locais frente às consequências da pandemia da Covid- 19 no Distrito Federal
redes de políticas públicas; redes sociotécnicas; ator rede; governança; saúde coletiva; Covid-19
Dois territórios vulneráveis surgiram na década de 1970 no Distrito Federal e uma mesma tônica social: luta por moradia, luta pela sobrevivência e um processo perverso e precarizado de ocupação territorial – cidade Estrutural e Sol Nascente e Pôr do Sol. A cidade Estrutural é uma síntese da desigualdade social brasileira. Constituído no início de 1970, o território ficou conhecido mundialmente, nas décadas seguintes, como o maior lixão a céu aberto da América Latina, no qual a atividade econômica local de maior relevância foi baseada na catação de materiais recicláveis. Em 2018, o Governo do Distrito Federal resolveu desativar o Lixão da Estrutural e, a partir disso, novos desafios foram impostos à população que tirava dali sua subsistência. É notório que as políticas públicas implementadas com o fechamento do Lixão não deram conta das complexidades sociais e econômicas do território, incluídos o setor de serviços e comércio local, que foram também brutalmente impactados. Em 1970 surge o setor habitacional do Sol Nascente e Pôr do Sol como expansão da Região Administrativa de Ceilândia, onde todo o processo de ocupação do novo território se deu de forma irregular e desigual. Em 1990 a área começou a ser ocupada de maneira precarizada e acelerada, uma explosão demográfica em um território que não tinha, e ainda não tem, equipamentos públicos que atendam às demandas da população. No ano de 2020, o mundo foi atingido pela Covid-19 e os territórios mais vulneráveis, como a cidade Estrutural e Sol Nascente e Pôr do Sol, enfrentaram o vírus de forma precarizada, tanto em relação a informação de qualidade quanto a infraestrutura. Diante disso, o objetivo deste estudo é analisar o papel das Redes Sociotécnicas da cidade Estrutural e do Sol Nascente e Pôr do Sol diante das consequências ocasionadas pela Covid-19, a partir das dinâmicas desenvolvidas pelo projeto Escola Cidadã, suas contribuições no âmbito social para promoção da Segurança Alimentar e Nutricional e combate à Fome nos territórios. O projeto de extensão “Escola Cidadã: promovendo saúde e educação para o exercício da cidadania” visa apresentar um modelo de integração com a comunidade a partir de estratégias de divulgação da Agenda 2030 e os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), com base na proposta de Alfabetização Midiática e Informacional (AMI), defendida pela UNESCO. Para atingir esse objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa com os integrantes que compõem as redes locais e atores-chave. A partir desse estudo de caso, foi possível traçar o perfil e analisar as ações de enfrentamento à Covid-19 promovidas e/ou fomentadas pelas Redes Sociotécnicas.