O fio da Memória Oral nas Medicinas Tradicionais: reflexos da pandemia de COVID19 nas práticas medicinais de uma terapeuta popular do Distrito Federal
Saúde, Intercientificidade, Etnografia, Memória Oral
Este trabalho busca a compreensão do universo místico e cosmológico da ancestralidade, bem como a dialógica identitária tradicional, em que o indivíduo é coletivo e se sustenta pelos fios da memória ancestral. Ambientado num estudo qualitativo, exploratório, com abordagem etnometodológica, em que há a imersão no território de uma ialorixá, residente da Ceilândia (DF), tem-se a contribuição da interlocutora com entrevistas semiestruturadas e a partilha da sua expertise com a promoção de cuidados em saúde, mas pensada a partir da sua realidade, revelando as estratégias que esta adota para transmitir e manter os seus saberes-fazeres-práticas ancestrais vivos entre a sua rede de apoio, que ressignifica o processo de adoecimento junto ao seu itinerário terapêutico. O produto é a afirmação da intercientificidade como resposta à necessidade de uma educação em saúde sustentada pelo pilar antirracista, plural e diverso, que dialoga com os territórios promotores de saúde, construindo e fortalecendo outros conceitos de saúde, bem como valorizando a identidade sociocultural daqueles que pensam o cuidado em saúde conectados à memória oral ancestral, ao bem-viver e às medicinas tradicionais.