A desinformação como violadora de direitos de crianças e adolescentes: o caso da vacinação infantil pós-pandemia
Desinformação. Fake News. Hesitação Vacinal Infantil. Violação de direitos. Infância e Juventude. Proteção integral infanto-juvenil
No contexto atual, a disseminação de notícias falsas e desinformação emerge como uma ameaça à integridade dos pilares democráticos. A presença desse fenômeno não é estritamente contemporânea, datando desde os primórdios da sociedade civilizada. No entanto, o advento da internet e a proliferação das chamadas fake news encontram terreno fértil nas plataformas de redes sociais, potencializando aspectos como preconceito, violência e, notadamente, a erosão da confiança nas práticas de vacinação. A intensificação da disseminação de desinformação ganhou notoriedade a partir das eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016 e a campanha do Brexit. No contexto brasileiro, as fake news inflamaram embates políticos, incitando a difusão em massa de informações falsas, exacerbando a intolerância e minando a credibilidade de instituições, profissionais de saúde e até mesmo do sistema educacional, chegando a ser anunciado um “kit gay” que nunca existiu. A disseminação de notícias enganosas também demonstrou gerar lucros substanciais para as plataformas digitais, incentivando a produção de conteúdo sensacionalista. Esse ambiente favoreceu a transformação dos usuários das redes sociais em mercadorias e espetáculos, suprimindo reflexão e estimulando a alienação para manter o engajamento com o objetivo de manter usuários cativos e ativos nas redes, traçando seus perfis e preferências. Entre os impactos nefastos, a vacinação infantil sofreu significativo retrocesso, com a disseminação de informações não embasadas cientificamente e a ascensão de grupos antivacina, que têm raízes desde a introdução das próprias vacinas. Estas concepções, presentes em diversas camadas sociais, estão obstaculizando avanços na saúde pública. Dessa forma, esta dissertação objetivou estudar se e como a desinformação é violadora de direitos de crianças e adolescentes. Utilizando uma abordagem qualitativa exploratória, foram empregados métodos de pesquisa bibliométrica, incluindo análise de pareceres, legislação e artigos pertinentes ao tema, bem como fontes de informação atualizadas. A análise de conteúdo revelou motivações-chave para a hesitação vacinal, além de iluminar a manifestação da violação de direitos no contexto brasileiro, especialmente entre os estratos de infância e juventude em situação de pobreza. Além disso, estratégias para confrontar a desinformação foram investigadas, enfatizando a necessidade de abordagens multifacetadas para mitigar seus impactos. A dissolução total da disseminação generalizada da desinformação na sociedade contemporânea se revela inatingível, contudo, é viável reduzir seus impactos, consequentemente minando o alcance da desinformação